Em virtude do Dia Internacional de Conscientização do Austimo – lembrado no dia 2 de abril – a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Presidente Prudente realizou, na manhã de ontem, atividade de interação com atendidos pela unidade. De acordo com o professor Jorge José da Silva, até a quarta-feira ocorrerão outras ações, como cinema com pipoca e piquenique. Ao todo são atendidos pela entidade 14 autistas, com idades a partir de 4 anos até a fase adulta. Com um atendimento integral, a Apae prudentina oferece a estas pessoas acesso às ações esportivas, musicais, de alfabetização e acompanhamento nutricional.

Atividades diversas de interatividade serão realizadas na Apae até quarta-feira
Conforme a professora Michele Galhardo de Vasconcelos, as atividades interativas visam promover o desenvolvimento das habilidades socioemocionais, cognitivas, sensório-motoras e de comunicação. "Nosso objetivo é inspirar as pessoas com dificuldades de interação e comunicação para que elas queiram interagir conosco", afirma. Acrescenta que "quanto mais prazerosa, divertida e motivadora é a atividade, melhor é o aprendizado de novas habilidades".
A Apae, por meio destas atividades e atendimento em geral, busca trabalhar em conjunto com a família, de modo que fortaleça os vínculos de relação pessoal. "Oferecemos grupos de pais, com espaço para reflexões, discussões, orientações, conscientização, troca de experiências e apoio emocional, visando melhor qualidade de vida", expõe Vasconcelos.
Autismo
"O autismo é uma falha na comunicação social e pode vir associado a outras síndromes", afirma Vasconcelos. O espectro autista pode ser classificado como leve , médio e grave. O atendimento deve ocorrer com acompanhamento especializado de uma equipe multidiscilinar nas áreas de neurologia, psiquiatria, pediatria, odontologia, fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, terapia ocupacional, serviço social, educação, artes, psicopedagogia, entre outras que viabilizam o desenvolvimento integral de suas habilidades.
A maior dificuldade familiar é a confusão entre "birra e rebeldia da criança". "Geralmente, os primeiros fatores que fazem o pai desconfiar que o comportamento se trata de autismo é em relação à fala e não o relacionamento com outras crianças", relata Vasconcelos. Quanto mais cedo diagnosticar, melhor o desenvolvimento cognitivo, motor, linguagem e de interação social. Os profissionais que devem ser procurados são neurologista ou psiquiatra.
Hoje, a cada 100 crianças que nascem uma é diagnosticada com o espectro autista. De acordo com a psicopedagoga Claudia Cristina Faria, nos últimos anos o transtorno tem sido mais identificado, no entanto, não há estudos que comprovem o porquê isto ocorre. "São trabalhadas algumas hipóteses como idade dos pais e remédios utilizados durante a gestação, mas não tem nada comprovado". Faria acrescenta que para detectar o autismo, os pais devem ficar atentos às características comportamentais do filho, como a ausência da fala, dificuldade de interação social, demora na aquisição da linguagem, não ter medo do perigo, falta de contato visual e estereotipias (movimentos repetitivos).
Direitos
A Lei 12.764, de 27 de dezembro de 2012, também conhecida como Lei Berenice Piana, institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Para os efeitos desta lei é considerada pessoa com transtorno do espectro autista aquela portadora de síndrome clínica caracterizada com deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da interação sociais, manifestada pela falta de comunicação verbal e não verbal, e de padrões restritivos e repetitivos, interesses e atividades, manifestados por comportamentos motores, verbais estereotipados ou sensoriais incomuns.
Previsto na lei, o autista tem direito à vida digna, à integridade física e moral, ao livre desenvolvimento da personalidade, à segurança e ao lazer; à proteção contra qualquer forma de abuso e exploração; ao acesso a ações e serviços de saúde, com vistas à atenção integral às suas necessidades de saúde; e ao acesso à educação e ao ensino profissionalizante; à moradia, inclusive à residência protegida; ao mercado de trabalho; e à previdência social e à assistência social.