Após decisão do CNJ, Taciba registra primeiros casamentos homoafetivos

“Me sinto mais humana agora. Sempre fomos um casal comum, feliz, como qualquer outro, mas não tínhamos esse reconhecimento. Agora tudo mudou", comenta.

REGIÃO - Iury Greghi

Data 30/05/2013
Horário 04:22
 

Marta Batista, 45 anos, e Gleide Aparecida Alves Barbosa, 27 anos, preparam os últimos detalhes da festa de casamento marcada para 29 de junho, em Taciba. As duas esperaram por 10 anos até que a Justiça finalmente permitisse o enlace e, assim que tomaram conhecimento da decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), correram para o cartório de registro civil. Elas foram as primeiras da região a buscar matrimônio após a medida, mas não as únicas. Encorajadas pelo exemplo do casal, outras duas mulheres, também de Taciba, já deram entrada no processo.

Jornal O Imparcial Casal formalizou união em 2011, entre parentes e amigos

Apesar de já se considerarem casadas há muito tempo, Batista e Barbosa esperam começar uma nova vida após o casamento. Não é por menos. Com a formalização do relacionamento, elas têm acesso a todos os direitos previstos no Código Civil, como plano de saúde, seguro de vida, pensão alimentícia e divisão dos bens adquiridos em caso de rompimento. "Me sinto mais humana agora. Sempre fomos um casal comum, feliz, como qualquer outro, mas não tínhamos esse reconhecimento. Agora tudo mudou", comenta.

As duas também foram pioneiras ao buscar o reconhecimento da união estável, tão logo o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a prática, em maio de 2011. A cerimônia lotou o cartório de parentes e amigos do casal. "Felizmente, aqui em Taciba nós somos muito respeitadas, nunca sofremos preconceito pelo nosso relacionamento", diz.

 

Dia do casamento

Logo após o casamento civil, as noivas seguem para a festa reservada aos familiares e amigos próximos. A intenção do casal é chamar a atenção da sociedade sobre os direitos conquistados pelo público LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e travestis) e, dessa forma, derrubar as barreiras do preconceito. "Tantos casais estão esperando por isso, mas não tiveram coragem de ir atrás. Nós fomos e queremos dar o exemplo", diz.

Segundo a escrevente do cartório de Taciba, Gabriela Souza Silva, o pioneirismo do casal estimulou mais duas mulheres a formalizarem a união. Elas são do próprio município e têm 25 e 41 anos. A reportagem tentou encontrá-las, mas não obteve êxito até o fechamento desta edição.
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