A comunidade local tem mostrado uma capacidade impressionante de mobilização mesmo diante da falta de recursos. Com esforços conjuntos e ajeitando o que têm, voluntários que dirigem a Associação dos Surdos de Presidente Prudente utilizam espaços comuns – como o salão paroquial da Catedral São Sebastião – como centros de aprendizado enquanto a sede própria não fica pronta, numa área de aproximadamente mil metros de terreno e tem 270 m² de área construída.
Para atender à crescente demanda da comunidade surda, a Associação oferece aulas de Libras em diversos turnos: - quarta-feira e quinta-feira à noite e aos sábados. Com mais de 200 alunos inscritos, o cronograma de aulas atual é limitado, mas a expectativa é que, com a conclusão da sede própria da associação, seja possível atender a várias turmas ao longo do dia, permitindo que os alunos passem o dia fazendo aula se desejarem. Este formato flexível possibilita que pessoas de diferentes idades e horários possam participar e se integrar ao processo de alfabetização e inclusão por meio da língua de sinais.
A iniciativa se fortalece com a colaboração de diversos setores da comunidade. Igrejas, brechós, eventos como feijoadas e pizzas contribuem para levantar os recursos necessários para a manutenção e ampliação das atividades. Essa rede de apoio evidencia o sentimento de solidariedade e a importância da união em momentos de dificuldade. Além disso, a associação busca apoio financeiro e recursos para finalizar a obra de sua sede própria, visando aprimorar a infraestrutura do espaço dedicado à educação dos surdos.
A associação enfrenta desafios para concluir a construção de sua sede, como recentemente o furto de materiais essenciais para finalizar a obra. Entraram na construção e levaram o forro e toda fiação.
Superando desafios históricos
O relato de diretores da Associação dos Surdos, traz à tona lembranças de épocas em que o sistema educacional era marcadamente mais rígido e excludente, chegando a registrar episódios de violência e repressão contra alunos. Ainda nesse contexto, o relato destaca a frequente incompreensão sobre a comunidade surda, como a crença de que "é só escrever", quando na verdade nem todos os surdos são alfabetizados, e 85% dos surdos enfrentam desafios relacionados a essa questão, reforçando a importância da Libras para a inclusão e comunicação. Hoje, a iniciativa não só resgata a memória de uma luta pela alfabetização e inclusão, mas também abre caminho para que novas gerações possam aprender em um ambiente acolhedor e moderno, adaptado às necessidades de cada um.
A mobilização e a criatividade demonstradas por esta comunidade são um exemplo inspirador de como, mesmo com poucos recursos, o engajamento coletivo pode transformar realidades e promover a inclusão social. Cada aula, cada esforço e cada colaboração são degraus importantes para a construção de um futuro mais justo e acessível para todos.