Cada dia que passa fica mais evidente a quantidade de talentos prudentinos na área das artes, que se destacam por ai afora. O talento da vez é o diretor artístico da Cia das Artes, de São Paulo, Antonio Netto, que desde 1990, batalha na capital, pela formação de atores e atrizes, muitos vindo do interior, assim como ele. Na quinta-feira, ele estreou no Teatro Commune, em mais um espetáculo: "Homens de Papel", com texto de Plínio Marcos (
in memorian) e direção de Jair Aguiar e Márcio Tadeu, também responsável pelos cenários
e figurinos. A iluminação é de Will Damas. A peça, idealizada pela companhia, tem o apoio da Oficina de Atores do Rio de Janeiro.
Peça fica em cartaz de 13 de junho a 19 de julho, às quintas e sextas-feiras, às 21h, em SP
De acordo com Netto, a peça é um clássico brasileiro, que mostra a rotina, as dificuldades de um grupo de catadores das ruas que, revoltados com a exploração do intermediário comprador de papel, querem paralisar a coleta. Em meio a este cenário, chega à comunidade um casal com uma filha doente. Novatos, ainda alheios à realidade do grupo, querem trabalhar duro para juntarem dinheiro e levar a filha a um médico. A partir desse conflito, a trama do espetáculo encontra acontecimentos trágicos e reais, típicos da dramaturgia de Plínio Marcos.
"Ele sempre foi muito polêmico por retratar a realidade. Suas obras sempre muito importantes mostravam a sociedade humana. As condições que o ser humano vivia. E não diferente, este revela o que vivemos e vemos hoje em todos os lugares", pontua.
O ator fala que para encenarem este espetáculo, foi feito todo um estudo de campo, onde conviveram por alguns dias com os catadores, visitaram organizações não-governamentais (ONG’s), pesquisaram, fotografaram, enfim, vivenciaram de perto o cotidiano dessas pessoas.
"Por se tratar de uma encenação muito forte, a classificação é para o público acima de 14 anos. Quem gosta de entender melhor o que ocorre ao seu redor, a pura e verdadeira realidade que está ai, certamente irá gostar do que apresentaremos. Queremos ver o teatro cheio", convida. O espetáculo estará em temporada de 13 de junho a 19 de julho, às quintas e sextas-feiras, às 21h.
Elenco
No palco, assim como Netto como ator convidado, está Andréia Thomé e os atores Adriana Andrette, Aline Ribeiro, Amanda Callif, Amanda Monteiro, André Romim, Cinthia Constantino, Cintia Lopes, Christian Maillefaud, Eliel Izidro, Francisco Ranielson, Giullia Galli, Herbert Gomes, Isaac Medeiros, Leandro Palma, Marcos Cardoso, Marcos Damasceno, Mariano Rodrigues, Nathalia Siqueira, Nelma Rocha, Olga Mairink, Priscila Pereira, Rafael Junqueira, Rafael Vinicius e Rodrigo Porto e Talita Yonã, que também é prudentina.
Terra Natal
Netto, que além de diretor é educador, produtor e ator, enfatiza que foi em Prudente que iniciou sua carreira artística no teatro em 1986, onde trabalhou com Beto Lima (
in memorian), que foi quem possibilitou sua ida para São Paulo. Lembra que sua participação em "Palhaços" de
Timochenco Wehbi, lhe rendeu vários festivais por diversas cidades do interior. Também na cidade, esteve ao lado do secretário de Cultura, José Fábio Sousa Nougueira.
"Prudente é minha referência e a responsável por exercer com êxito o meu trabalho hoje. É onde estão minhas raízes, toda a minha família! Esta cidade foi a base e o gatilho para que eu pudesse trabalhar em grandes companhias teatrais na capital paulista", afirma Netto.
Ele expressa um orgulho muito grande por sua cidade natal, principalmente por acompanhar o crescimento cultural que vem destacando-a como um polo da arte no interior não só do Estado, mas do Brasil. Segundo ele, foi emocionante ser homenageado recentemente recebendo o ofício da Câmara Municipal, em reconhecimento aos 24 anos de trabalhos artísticos e pela divulgação da cidade. "É maravilhosa e inegável a importância em poder conviver de alguma forma com profissionais de minha terra, que continuam batalhando pela arte. Isso é fundamental para o meu crescimento e trajetória artística", afirma.
Trajetória na capital
Desde que chegou a São Paulo, Netto se dedicou a cursos e especializações. Formado pela Escola de Teatro Macunaíma, em 1992, esteve no elenco do espetáculo "Viagem ao Centro da Terra", que foi sucesso no País inteiro durante um ano.
No ano seguinte, no Teatro Mars, fez o "Alquimista", dirigido por Walcyr Carrasco, por mais uma longa temporada de 12 meses. Protagonizou a montagem de "Castro Alves pede passagem", de Gianfrancesco Guarnieri, em 2005/06, com direção de Jair Aguiar, entre tantos outros. Depois trabalhou com Osvaldo Montenegro na companhia Os Menestrés; com Fernando Peixoto (
in memorian), em "Maria Quitéria", no Teatro Itália (1997); com
Carlos Alberto Soffredini, em sua companhia e outros tantos.
Como diretor artístico da Cia das Artes desde 2002, já dirigiu mais de 15 montagens em processos de formação nas Oficinas de Interpretação. Entre eles: "O Pagador de Promessas" (Dias Gomes); "Aurora da minha vida" (Naum A. de Souza); "O Beijo no Asfalto" (Nelson Rodrigues). De 1990 a 1997 participou das Secretarias de Educação e do Menor e da Secretaria de Cultura nos projetos: Enturmando, Circo Escola, Parceiros do Futuro.
