Com um sorriso no rosto e orgulho no olhar, Reinaldo Goulart, 54 anos, conta que a Banca do Tênis já é parte da história de Presidente Prudente. "São quatro décadas servindo a cidade, e eu ‘tô’ aqui há 22 anos cuidando desse espaço como se fosse minha casa", diz. Localizada em um ponto estratégico, a banca virou referência não só pela venda de jornais e revistas, mas por ser um verdadeiro ponto de encontro. "Aqui a gente vê a vida passar. Tem cliente que vem desde criança com os pais e hoje traz os filhos. Isso não tem preço", emociona-se.
Com o avanço da internet, muitas bancas fecharam as portas, mas a Banca do Tênis encontrou uma saída: diversificar. "Não dá pra ficar só no jornal e revista. Hoje a gente vende convites de shows, cerveja, cigarro, até cartão de transporte", explica Reinaldo. Ele lembra que, nos últimos anos, a banca se tornou um minimercado de conveniência, garantindo sua sobrevivência. "Tem dia que vendo mais refrigerante e salgadinho do que revista, mas o importante é manter o movimento", afirma.
"AQUI A GENTE VÊ A VIDA PASSAR. TEM CLIENTE QUE VEM DESDE CRIANÇA COM OS PAIS E HOJE TRAZ OS FILHOS. ISSO NÃO TEM PREÇO"
Reinaldo Goulart
Apesar da concorrência com celulares e redes sociais, Reinaldo garante que o público fiel ao impresso ainda existe. "Tem cliente que só compra jornal aqui, gosta de folhear, de guardar a edição. E tem os avós que trazem os netos pra mostrar como é um gibi ou uma revista", conta. Para ele, a banca cumpre um papel social: levar informação a quem não está no mundo digital. "Nem todo mundo tem internet boa ou sabe usar. Aqui, eles encontram notícia, entretenimento e até uma prosa", diz.
Reinaldo brinca que, se quiser saber o que está rolando na cidade, é só passar na banca. "Aqui a gente ouve de tudo: política, futebol, novela, show, promoção no mercado... É uma troca de ideias constante", ri. Ele conta que muitos clientes vêm só pra bater papo, e isso cria um laço especial. "Tem gente que passa só pra dar bom dia, perguntar como tá a família. Isso me motiva."
Com voz emocionada, Reinaldo faz um apelo: "Não deixem a cultura da banca morrer". "Se a gente perder esses espaços, perde um pedaço da nossa história. Não é só um negócio, é tradição, é memória", diz. Ele convida os prudentinos a valorizarem as bancas: "Venham, comprem um jornal, um chocolate, parem pra conversar. Enquanto tiver gente, a banca resiste."
Foto: Sinomar Calmona
Banca do Tênis, localizada na Avenida Washington Luiz, diante do Tênis Clube: tradição e resistência