Bijagós - Nome

António Montenegro Fiúza

«Se ainda existe na Guiné-Bissau sociedades étnicas com a preocupação de preservar a sua identidade cultural e biodiversidade circundante, a bijagó é, sem dúvida, uma delas, apesar da forte pressão proveniente do contato com o outro.» Rui Jorge Semedo

Viajar no tempo, eis um sonho de muitos: conhecer civilizações antigas, hábitos, usos e costumes e povos ancestrais; e é mesmo a uma viagem no tempo, a que uma deslocação às Ilhas Bijagós nos assemelha.
Quase impenetráveis, ilhas sagradas e de refúgio, habitadas por seres sobrenaturais dotados de poderes do além e donos de habilidades mágicas, chegar a qualquer uma das ilhas e ilhotas dos Bijagós compara-se à entrada num portal que nos transporta a uma nova dimensão.
Terras dos Bidyogo, povo secular com hábitos, costumes e crenças que ascendem ao século mais remoto, os quais não foram alterados e nem misturados com qualquer outra civilização, essas ilhas apresentam uma imensurável riqueza cultural, de biodiversidade e de identidade. 
Receberam, há muitos séculos atrás – mais dos que os que se podem contar em ambas as mãos – povos oriundos da área continental, fugindo de guerras, fugindo de mortes e de lutas tribais, povos esses que encontraram refúgio e proteção nas costas arenosas e no interior florestal destas maravilhosas e paradisíacas ilhas.
Os Bijagós são únicos, bemba di vida, arquipélago de 88 ilhas, diferentes em tamanho e donas de vários microclimas, são habitat de várias espécies, algumas comuns e outras protegidas e em extinção: macacos, hipopótamos, crocodilos, aves pernaltas, tartarugas marinhas e lontras; reserva natural pela Unesco e por uma sociedade mística, diferenciada.
O povo, ancestral, dedicando-se à agricultura, à pesca e à apanha de marisco e bivalves, mantém uma perfeita harmonia com a natureza circundante, buscando a cada passo o equilíbrio com a mesma. De geração a geração, transmite-se um legado de preservação da natureza e das tradições, mantendo-se ambas quase incorruptas, sendo esta última concretizada e manifesta diariamente, em vários momentos da vida e do quotidiano.
Visitar os Bijagós faz-nos acreditar que, sim! o paraíso existe e está presente, em cada rosto, em cada sorriso, em cada centímetro cúbico, destas ilhas espalhadas pelo Atlântico. É preciso preservar, é urgente conservar, mas mais do que tudo e antes que tudo isso se esvaia, é necessário que os Bidyogo sejam reconhecidos como os embaixadores e fiéis depositários, de tão grande riqueza.
 

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