Bolsa Família ajuda quem precisa, mas não pode virar meio de vida "eterno"

EDITORIAL -

Data 08/07/2017
Horário 12:48

É indiscutível a importância do programa Bolsa Família para aqueles que realmente necessitam. Em um país como o Brasil, em que a discrepância entre as classes sociais se evidencia a cada esquina, o governo tem sim a obrigação de amparar os mais necessitados. Embora muitos questionem a finalidade deste programa do governo federal, é fato que muitos brasileiros dependem deste repasse para sobreviver.

Só na 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo, cuja sede administrativa é Presidente Prudente, são 30.945 famílias beneficiárias. Conforme o levantamento mais recente realizado pela reportagem de O Imparcial, nos cinco primeiros meses do ano, os municípios regionais receberam R$ 24.988.239 em repasses do Bolsa Família.

O valor é expressivo, e para muitos críticos do programa, poderia ser investido em outros setores em prol do bem-estar geral. Há quem propague que tal forma de assistência social desestimule a vontade dos beneficiados em buscar o sustento próprio, fomentando a triste ilusão de que o governo, sozinho, deve resolver todos os problemas dos cidadãos. Infelizmente, existem sim pessoas que pensam desta forma entre os contemplados pelo benefício. Assim como há aqueles que burlam o sistema para receber o recurso, mesmo sem precisar. Neste caso, o problema está na falta de caráter dos oportunistas e na falha de fiscalização do programa, e não na finalidade do Bolsa Família em si.

Infelizmente, os brasileiros, de uma forma geral, estão desacreditados da tão difundida busca pela igualdade social, repetida aos quatro ventos pelos partidos políticos. Ninguém mais acredita na boa intenção dos governantes. Por isso, muitos enxergam o Bolsa Família como mais uma estratégia de marketing eleitoreira, do que como uma forma de amparar os mais necessitados. Soma-se isso à má-fé de muitos beneficiados, que abrem mão até mesmo de trabalhar para não perder o benefício, e a descrença de um país melhor se torna ainda mais contundente.

Com certeza, se não houvesse tanta corrupção e roubalheira dos cofres públicos seria possível investir em educação e na formação dos cidadãos. Somente desta forma será possível cogitar um Brasil sem tanta desigualdade social, em que as oportunidades de crescimento sejam iguais para todos. O Bolsa Família deve sim ser um complemento de renda para aqueles que atravessam dificuldades financeiras, mas não pode se tornar um meio de vida sem perspectiva de término, somente acentuando as diferenças gritantes entre as classes sociais. Afinal, como diz o velho ditado: “Não basta dar o peixe, é preciso ensinar a pescar”.

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