Brasil, país do futuro?

OPINIÃO - Thiago Granja Belieiro

Data 13/03/2021
Horário 05:00

O sonho acalentado por muitos brasileiros, de termos um crescimento econômico vigoroso e socialmente responsável parece ter se tornado puro devaneio. Na última década, enquanto a economia mundial cresceu em média 2,7% e a economia dos países emergentes, como China, Rússia e Índia cresceram em média 4,0%, a economia brasileira teve decréscimo de 0,1% no crescimento global do PIB. 
O resultado do PIB de 2020, que apresentou queda acentuada de -4,1% devido, principalmente, aos impactos da pandemia, foram sentidos em todos os setores, com exceção da agricultura, que segue com crescimento tímido, mas positivo. O setor de serviços e do comércio, fundamentais para munícipios como Presidente Prudente, tiveram queda conjunta de -7,6%. A construção civil, a indústria de transformação e a indústria tiveram quedas que se somadas chegam a -14,8%, quase o valor da taxa de desempregados no país em 2021. 
Esses dados, por si só assustadores, não devem nos fazer esquecer que já ocupamos a 7º posição entre as economias globais, no ano de 2006. Naquela década, tivemos crescimento médio de 4% ao ano, deixando pra trás o fantasma do baixo crescimento que nos acompanhava desde a década de 80. As taxas de diminuição da pobreza absoluta e relativa, bem como a ascensão social da nova classe média foram substantivas naquele período.
Quando, em 2013, a sociedade brasileira saiu às ruas para protestos que tomaram o país, com variadas demandas e reinvindicações, parecia que os brasileiros pressentiam que o crescimento da década anterior tinha sido insuficiente e que o pior ainda estava por vir. Éramos felizes e não sabíamos, pois esse foi o último ano de crescimento positivo, na casa dos 3%. 
Desde então, entramos num círculo vicioso de sucessivas quedas nos índices, sendo 2015 e 2016 os piores anos para nossa economia. A recuperação, que vinha lenta e angustiante, parece ter se perdido nas práticas neoliberais do nosso chicago boy. Eu ainda me permito sonhar com o Brasil, país do futuro, só espero que o sonho não se torne um pesadelo, pois o prognóstico da maior autoridade econômica do país é esse: "Para virar a Argentina, seis meses; para virar Venezuela, um ano e meio. Se fizer errado, vai rápido”. 

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