Brinquedista fala dos desafios e da importância do profissional

“Nesta metodologia, o educador tanto ensina quanto aprende, ambos respeitando as características da pessoa e ambiente”, diz Lígia Gessolo

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 30/04/2023
Horário 09:20
Foto: Oslaine Silva
Lígia não atua no momento, mas gostaria muito; enquanto isso faz curso de cuidador de idosos
Lígia não atua no momento, mas gostaria muito; enquanto isso faz curso de cuidador de idosos

Natural de Guarulhos (SP), morando em Presidente Prudente desde janeiro, quando veio de Marília (SP), a brinquedista Lígia de Oliveira Gessolo, 42 anos, 2º grau completo, hoje ensino médio, na EEPSG (Escola Estadual de Primeiro e Segundo Grau) Profº. Homero Rubens de Sá, em Guarulhos, sempre sonhou em se formar num curso superior. Em 1999, ela então tentou o curso de Direito na FIG/Unimesp (Centro Universitário Metropolitano de São Paulo) estudando por dois semestres. Mas, não teve a possibilidade de continuar. Sete anos depois, em 2006, ela estudou Pedagogia, na UnG (Universidade de Guarulhos), também por dois semestres e mais uma vez não teve como concluir. Hoje, o que ela quer é a oportunidade de trabalhar como brinquedista. Curso de um ano que ela fez em 2004, no LIC (Lar da Irmã Celeste), entidade beneficente de Assistência Social,  em Guarulhos, onde seus filhos estudavam. “Incluía também Curso de Liderança do Sebrae [Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas]. Era um curso de empreendedorismo”, salienta Lígia.

Ela destaca que muitos sequer sabem o que faz um brinquedista. Então explica que se trata de um profissional que ensina qualquer disciplina “brincando”. “Nossa intenção é ensinar qualquer disciplina se divertindo. Compreendemos a dimensão lúdica. Isso causa grande interação entre educadores e educandos. Por exemplo, eu fiz alguns jogos da memória com placas de trânsito [impressas no computador], para conceituar desde a pré-escola as regras que motoristas e pedestres devem seguir”, explica.

Em seu caso, Ligia exalta ainda que ela mesma confecciona brinquedos artesanais e recicláveis, aperfeiçoa jogos existentes e/ou cria jogos e brincadeiras que não existem. “Fiz um jogo de tabuleiro de Geografia sobre Biomas do mundo, com fotos, e tinha cartas de perguntas. Outro de Letramento que se chamava Ciranda das Letras. E as crianças aprendem animadas, sem pressão. Essa é a importância de um briquedista no crescimento da criança: é um autoconhecimento, pois desenvolve o cognitivo, a subjetividade, desenvolvendo um sujeito com autonomia do pensamento e pertencimento de mundo”, menciona ela.

 

INTERACIONISMO

Ainda discorrendo sobre a importância desse profissional no crescimento de uma criança, Lígia pontua que enquanto no método de ensino tradicional o professor passa o conhecimento, no interacionismo educador e educando interagem, fazem parte e trocam conceitos, conteúdos, experiências no processo de ensino aprendizagem. “O lúdico, baseado em jogos e brincadeiras para o desenvolvimento da aprendizagem e do ser humano integrado no ambiente em que ele vive. Nesta metodologia, o educador tanto ensina quanto aprende, e vice versa, ambos respeitando as características da pessoa e ambiente”, ressalta a brinquedista.

Lígia acrescenta que “o interacionismo desenvolve os cinco sentidos, gera humanização, facilita a memorização e conceitos de e do mundo, socialização, interação entre faixas etárias distintas e classes sociais”. Conforme ela, nele existe a possibilidade interdisciplinar, ou seja, todas as disciplinas trabalham a mesma ideia, conceitos com os educandos. “Diferente do método tradicional, em que o conhecimento é passado em forma de memorização. Digamos que a prática tradicional é baseada em autoritarismo, ou seja, obediência onde o professor passa o seu conhecimento ao aluno”, expõe Lígia.

 

BRINCAR E APRENDER

Segundo Lígia, no país existe muita resistência em relação aos brinquedistas que acabam virando monitores. Ela diz que enquanto estava estudando conseguiu trabalhar em universidades em aulas nos cursos de Psicologia, Pedagogia e Geografia ensinando os universitários a brincarem com as suas disciplinas. Depois, trabalhou numa escola infantil e em festas de aniversário. “Penso que cada sala de aula deveria ter um brinquedista. Mas, infelizmente, além de não ser valorizado, temos poucas brinquedotecas e as poucas que tem um brinquedista é suficiente”, lamenta a profissional que no momento está fazendo o curso de Cuidador de Idoso do Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio), em Presidente Prudente.

 

“O INTERACIONISMO DESENVOLVE OS CINCO SENTIDOS, GERA HUMANIZAÇÃO, FACILITA A MEMORIZAÇÃO E CONCEITOS DE E DO MUNDO, SOCIALIZAÇÃO, INTERAÇÃO ENTRE FAIXAS ETÁRIAS DISTINTAS E CLASSES SOCIAIS”

Lígia Gessolo

 

 

 

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