Cachaça para espantar o frio

Sandro Villar

O Espadachim, um cronista a favor dos vertebrados e dos invertebrados

CRÔNICA - Sandro Villar

Data 19/06/2025
Horário 05:30

Depois de tomar o café da manhã com a sua impulsiva esposa Azedinha, o seu Ambrósio foi fazer a sua habitual caminhada pelas ruas do bairro onde mora, em Prudente. Aliás, ele anda sempre prudente, esforçando-se para não se tornar imprudente. Mas esta é outra história e vamos em frente porque atrás vêm os cabos eleitorais que deveriam se promovidos a sargentos eleitorais.
"Bom dia, seu Ambrósio! Como vai o senhor? Dia bonito, não é? Aliás, o senhor acha que vai chover?", perguntou um amigo com quem cruzou na rua. "Se vai chover eu não sei até porque não sou São Pedro, que controla as torneiras do céu", respondeu o respeitável cidadão, que continuou a sua andança naquela manhã fria, um frio pra siberiano nenhum botar defeito.
Depois de passar por várias ruas, o seu Ambrósio chegou à esquina da Avenida Ana Jacinta com a Rua das Palmeiras, onde devem morar vários torcedores do Palmeiras. No local encontrou três moradores de rua praticamente deitados na calçada. Um deles abordou Ambrósio, a quem pediu um corote de cachaça e explicou: "A gente bebe pínga para espantar o frio. Sem cachaça a gente não aguenta o frio", contou o pobre homem.
Ele explicou que passava a noite ali se cobrindo apenas com uma coberta fina. Era também a situação dos seus companheiros de infortúnio. Condoído com a situação, Ambrósio propôs comprar comida em vez de cachaça. Foi aí que outro componente do trio interveio: "Comida a gente já tem, pessoas caridosas têm comprado alimentos para nós", contou enquanto comia uma coxinha. 
Como não quis insistir e muito menos polemizar, o seu Ambrósio entrou num supermercado. Foi direto à seção de bebidas que papagaio não bebe. "Nosso estoque de corotes de cachaça acabou. Só temos garrafas", explicou o vendedor. O nosso ínclito cidadão comprou uma garrafa. 
Ao deixar o supermercado, ele foi ao encontro dos moradores de rua, expressão que na minha opinião não passa de eufemismo para o verbete mendigo. "Só tinha pinga na garrafa", explicou. "Está bom, caro senhor", falou o primeiro que tinha abordado o seu Ambrósio. Como tem preocupações sociais, virtudes que a maioria dos governantes não tem, ele apenas recomendou moderação. Embora contrariado, pois queria doar comida e não pinga, o ilustre cidadão acha que fez uma boa ação, ajudando um triste trio de cidadãos a espantar o frio nas noites congelantes.

DROPS

Também sou a favor da guerra... contra a fome.

Na guerra propriamente dita o que não falta é guerra de palavras.

O amor é lindo, mas o casamento é feio.

Sejam revolucionários.
(papa Francisco)

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