Cadê o Vaga-lume?

O Espadachim, um cronista made in Brazil

OPINIÃO - Sandro Villar

Data 25/06/2020
Horário 05:00

Não sei se os jovens de hoje em dia - e de hoje em noite - já viram um vaga-lume, aquele inseto que, justiça seja feita, tem luz própria, ao contrário de certos presidentes, que estão mais para presifakes. Com este desmatamento que assombra o mundo, sem contar a destruição dos brejos, parece que o vaga-lume, no oeste paulista, "apagou" a luz ou "arriou" a bateria natural.

Se não me engano, há - ou havia -duas espécies: o besouro e a larva. No besouro, são os olhos que brilham e, na larva, a luz é emanada (nossa, o que é isto, seu cronista!) da barriga. Sim, barriga luminosa a do vaga-lume do tipo larva. E que luz! A luz é verde e dá a impressão de que os vaga-lumes são miniaturas de discos voadores.

Em suma: o vaga-lume sumiu do mapa e somente os especialistas podem dizer o que aconteceu com o simpático inseto, que iluminava as noites. Abuso no uso de agrotóxicos nas roças, sem contar os canaviais, poderia, presumo, ser um dos motivos. Também o desmatamento, como já foi lembrado.

Até meados dos anos 60 do século passado - lembro-me bem -, o vaga-lume, tanto o besouro quanto a larva, abundava no oeste do Estado de São Paulo e não sei como está a situação do inseto no restante do Brasil nos tempos atuais. Em Mariápolis, simpática cidade de Alta Paulista, não havia energia elétrica.

Um velho motor a diesel "dava a luz" por poucas horas a partir das seis da tarde, na verdade, horário que marca o início da noite, se me permitem lembrar tal obviedade. Quando dava coisa de dez da noite - ou no máximo 22h30 -, o motor era desligado por um funcionário da Prefeitura. Aí, meus caros e minhas caras, as trevas tomavam conta da cidadezinha. Era breu puro. Escuridão lascada, parecendo o Brasil contemporâneo do ponto de vista sócio-econômico e político.

Quem ainda estava acordado, para não ficar no escuro, acendia o lampião ou a boa e velha lamparina movida a querosene. Aliás, a gata e o garotão aí sabem o que é lamparina? A molecada, sabendo que a luz seria cortada, logo no começo da noite "caçava" vaga-lumes, que davam as caras mais no verão. Os insetos eram colocados dentro de potes de vidro, que ficavam com "pinta" de lanternas naturais.

 Os garotos zanzavam pelo centro da cidade, sem luz, com seus potes de vaga-lumes, o que amenizava um pouco a escuridão. Mais do que uma brincadeira, era um espetáculo de luzes verdes, formando uma coreografia de cinema. Graças às lanternas naturais, muitos só iam dormir por volta da meia-noite e ainda assim porque os pais, de relho na mão, iam buscá-los.

Vaga-lume virou sinônimo de lanterninha de cinema e, nos dias atuais, tem gente que assiste filme e, em plena projeção da película (boa esta, hein?), manuseia o celular para ler mensagens. Que se dane o filme! Não faz muito tempo, num cinema de um shopping de Prudente, parece que os espectadores combinaram e um grupo "acendeu" os vaga-lumes, quer dizer, celulares ao mesmo tempo. Até que ficou bonito e o escurinho do cinema me lembrou o tempo em que os vaga-lumes iluminavam as noites de verão da pequena Mariápolis. 

 

DROPS

 

Está tudo dominado, inclusive o domador.

 

Um senhor chamado Feder pode ser o novo ministro da Educação e, se for nomeado, que faça uma boa gestão para evitar ironias com o sobrenome.

 

Quem nunca comeu melado quando come se empanturra.

 

O centroavante recebeu um passe açucarado e não marcou o gol. Ele era diabético.

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