Uma história de fé inabalável, coragem e amor ao próximo. Quesede Eger dos Santos, 41 anos, filha do nosso conhecido pastor Jeremias Bispo dos Santos e de D. Ilze Eger dos Santos, trocou as ruas de Presidente Prudente pelo Reino do Camboja, no sudeste asiático. Lá, ela e o marido, Flávio, comandam há quase 10 anos o projeto social Safe Place, um lar de acolhimento para crianças em situação de extrema vulnerabilidade.
Em uma entrevista emocionante, Quesede detalhou como um documentário despertou o chamado para um país que vive seu renascimento, apenas 45 anos após uma devastadora guerra. O choque cultural e as dificuldades com um idioma falado por apenas 15 milhões de pessoas são apenas detalhes diante da missão maior: resgatar vidas.
Quesede e Flávio já atuavam como missionários em Belo Horizonte (MG), mas o destino foi traçado após um vislumbre da realidade cambojana. "Não foi nada sobrenatural, mas foi entendendo que, enquanto no Brasil existem diversas instituições, lá é um povo inteiro que precisa desse cuidado," relata Quesede.
A adaptação foi marcada por desafios, principalmente o Khmer, o idioma nativo, que o casal teve que aprender do zero ao chegar. Hoje, são fluentes na fala. O clima é de "verão e verão", com temperaturas que chegam a 53 graus!
Mas o maior choque é, sem dúvida, a culinária: "O cambojano come qualquer coisa que se mexe", brinca a missionária. Grilos, gafanhotos, ratos e a iguaria do "ovo choco" (com o pintinho quase pronto para nascer) fazem parte da dieta local. Quesede provou o famoso "ovo milenar", enterrado por 100 dias, que tem um sabor de enxofre.
O abrigo Safe Place está localizado na pequena cidade de Kampot, no sul do Camboja. Não é uma agência de adoção, mas sim uma "casa-lar" de moradia temporária com a possibilidade de acolhimento até a vida adulta e inserção no mercado de trabalho.
Atualmente, 24 crianças vivem integralmente sob os cuidados de Quesede e Flávio. O perfil dos abrigados é alarmante:
* Vítimas de tráfico humano e exploração sexual;
* Crianças resgatadas de risco de morte e violência doméstica;
* Casos de negligência parental e abandono.
Em um dos casos mais difíceis, a missionária relata o resgate de uma criança que era criada literalmente "como um cachorro" pelos pais, chegando ao abrigo com hábitos de animal, comendo e bebendo de quatro. "Hoje, vendo o tanto que eles desenvolveram e cresceram, a gente vê que tudo vale a pena", afirma a prudentina.
A missão Safe Place também enfrentou o perigo real de um conflito armado. Recentemente, o Camboja se viu em tensão com a Tailândia por causa da disputa de um território na fronteira.
"Nós tivemos a oportunidade de prestar solidariedade aos refugiados que estavam acampados na região de ataque", conta Quesede. Ela garante que os cambojanos são pacíficos e sem condições para uma guerra, e que o país está apenas em processo de defesa. A história do trabalho humanitário de Quesede e Flávio chegou a ganhar repercussão até na imprensa italiana.
Para continuar a missão, Quesede se ampara na força da fé e nas doações. O projeto é mantido por pessoas físicas e comunidades de fé no Brasil e no mundo, incluindo parceiros católicos, de matrizes africanas e até ateus.
A mensagem de Quesede para a nossa comunidade de Prudente e região é um chamado à ação: "Todo mundo pode fazer uma diferença na vida de alguém. Não é só o montante, mas é a presença, saber que alguém está se importando".
O maior sonho do casal é continuar sendo uma força de transformação para que essas crianças, quando adultas, possam olhar para trás e dizer: "eu pude fazer parte dessa história".
SAIBA MAIS
Para quem deseja saber mais ou apoiar o projeto Safe Place Mission, o contato é via site: www.safeplacemission.com.br, e nas redes sociais com o mesmo nome.