Casas de velório... em casa ou fora?

OPINIÃO - Marcos Alves Borba

Data 29/07/2025
Horário 04:30

Viemos de um tempo em que o momento mais conciso de poder se despedir de alguém, que partira para sempre, seria na própria casa. Isso mesmo, às vezes na sala, numa área da garagem ou num espaço que realmente coubesse quem era o principal, mas que pudesse agregar principalmente os visitantes para a cerimônia de despedida... E ali nos sentíamos acomodados numa solenidade fúnebre do momento de que todos sabiam, mas que não nos permitimos sentir. 
E mais, não tinha essa de não ir, todos íamos, mesmo que fosse a léguas de distância de nossa casa. Não tinha resistência, pois o momento era de presença marcante, o que deixava claro que fazíamos a nossa parte junto ao ente querido, mesmo não se sentindo bem, próximo de uma tampa de gaveta em pé ao lado da cozinha. E ali, todos, na simplicidade de marcar corpo presente do feito que cada um podia, das suas vestes, nas atitudes, nas conversas tímidas, como forma de sentir e presenciar que seguiremos o mesmo caminho. 
Se hoje os tempos são outros ou devido à demanda visionária do mercado, seja louvável e respeitável a melhor alternativa de escolha do lugar. Pois não muito distante de um tempo que fica, em 2004 tive esse momento solene de grande perda, onde meu querido e velho pai partiu, e devido à pressão dos irmãos de santidade do meu pai, solicitaram encarecidamente a minha ilustre mãe a fazer todo aquele ritual em nossa casa. Não só fiquei indignado, como me manifestei, devido a ser outros tempos. Mas em respeito e consideração a minha querida mãe, já fragilizada, seguimos o protocolo do que foi pedido. 
Confesso não ser muito agradável e muito menos confortável, pois dali e por algum tempo ficaram aquelas imagens gravada do ambiente... E os irmãos de santidade, infelizmente, não compareceram e muito menos se fizeram presentes durante o cortejo.
Quando cada um de nós somos ilustremente avisados (ou convidados) de maneira inesperada a se despedir de alguém (e isso acontece naturalmente), um filme se manifesta em nossa mente, e passamos de maneira muito peculiar e efêmera a querer dar um sentido maior do nosso dia a dia. Nos acolhemos pelo que temos às pessoas mais próximas, pelo que fizemos e por onde ainda pretendemos dar um sentido pela nossa fisiologia. Isso, ninguém está fora do contexto, o que vale uma sutil reflexão do nosso estado de espírito às pessoas.
Hoje, seja onde for o velório, no qual é normal a ida de irmos devido ao grande respeito mútuo, vemos as enormes transformações de um novo tempo, o que é visível o standart dos que ainda chegam e acreditam numa possível eternidade. Pois, numa postura como se fosse o convidado principal da celebração. Alguns de óculos escuros, roupas diferenciadas de ocasião, o perfume exalando desde longe ser o diferente, e humildade disfarçada com sentimentos vazios... Então, quando nos permitimos de maneira até ousada e ter o conforto dos apegos, seja notório que sua imagem jamais deixará o sentido da sua elegância fora do contexto. Somos seres humanos...  
 

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