Responsável por implantar o primeiro serviço funerário de Presidente Prudente, o pioneiro Tuffi Athia terá o seu nome no Cemitério Municipal Campal. A homenagem ocorre por meio da lei nº 154/2025, que foi sancionada pelo prefeito Milton Carlos de Mello, Tupã (Republicanos), nesta segunda-feira. O ato contou com a presença de netos e da bisneta do fundador do Grupo Athia, empresa mais antiga em funcionamento na cidade, que completa 100 anos em 2026.
A partir de agora, a necrópole passa a denominar-se Cemitério Campal Tuffi Athia. "A iniciativa visa prestar justa homenagem ao sr. Tuffi Athia, cidadão de destacada relevância para o desenvolvimento do nosso município", cita o documento. "Diante de sua trajetória exemplar e da importância histórica de suas iniciativas, é justo que o município perpetue sua memória, denominando o Cemitério Campal com o seu nome", acrescenta.
Durante o ato na Prefeitura, estiveram presentes os netos do pioneiro, Christiane Athia, Oswaldo Athia e Denilton Athia - que fazem parte do conselho de administração -, e a bisneta Dominique Athia, além do diretor-executivo do Grupo Athia, Gilmar Palenske.
"É uma alegria muito grande para a nossa família ter o nome do nosso avô imortalizado nesta homenagem. Quero agradecer muito a todos por este gesto. O meu avô foi um grande empreendedor. Quem o conheceu sabe o tanto que ele teve de participação em toda a comunidade e no desenvolvimento da cidade. Nós estamos muito orgulhosos e emocionados", disse Christiane Athia.
O prefeito Tupã destacou a representatividade da família Athia no crescimento da capital do oeste paulista. "É um momento muito importante. Tuffi e a família sempre acreditaram em Prudente. Merece muito o nosso respeito e gratidão. As pessoas não podem esquecer daqueles que desbravaram Presidente Prudente. O que representa a família Athia para nós? Representa muito! Esse ato que fizemos aqui, com a aprovação dos vereadores, é um reconhecimento. Talvez tivéssemos que fazer muito mais", frisou.
"Passa o tempo e a família Athia continua enraizada em Prudente, acreditando em nossa cidade e sendo parceira da Prefeitura em projetos sociais. Nunca se negou a ajudar essa cidade. Em nome de todos, recebam o respeito da população prudentina", pontuou.
Nascido em Ladíquia, na Síria, no dia 12 de outubro de 1893, Tuffi Athia deixou sua terra natal com o sonho de empreender e prosperar. Vindo em um trem de lastro, utilizado para transporte dos operários do assentamento dos trilhos da Estrada de Ferro Sorocabana, com a licença do engenheiro João Carlos Fairbanks, Tuffi desceu na estação de Presidente Prudente - na verdade, uma improvisação, pois a construção não tinha sido terminada - no dia 4 de fevereiro de 1919, quando o município tinha somente dois anos de fundação e ainda se chamava Patrimônio do Veado, batizado por Francisco de Paula Goulart.
Tuffi e Goulart celebraram uma amizade imediata e forte. Aliando isto à competência de Tuffi, Goulart o nomeou como primeiro delegado de polícia local. Também foi nomeado como primeiro agente dos Correios.
Primeiro delegado de polícia, primeiro agente do correio, primeiro sapateiro, seria também o primeiro a esboçar o plano de construir um campo de futebol em terreno que hoje é ocupado pela Praça Monsenhor Sarrion. Nesse novo trajeto, Tuffi se tornaria o primeiro de mais uma ação: a de formador do primeiro time de futebol de Presidente Prudente: o Brasil Futebol Clube.
Com dons de marcenaria e de costura, começou a confeccionar caixões sob medida em uma época de alta taxa de mortalidade infantil e epidemias que assolavam a recém-criada comunidade prudentina.
Em janeiro de 1926, procurou pelo prefeito Pedro Gomes, interessado na abertura de uma empresa funerária, favorecendo a compra de urnas mortuárias pelas famílias de desaparecidos, que precisavam viajar a São Paulo para comprar um produto superior ao então disponível na cidade. Os argumentos convenceram Gomes e uma licença foi cedida a ele, autorizando a instalação da funerária no mês seguinte e, assim, sendo o pioneiro no segmento do luto na região.
Nos anos seguintes, a Empresa Funerária Athia estabilizou-se e foram abertas filiais na Vila Marcondes, Vila Industrial e Jardim Paulista. Na década de 1960, Tuffi Athia construiu uma das primeiras casas de velório do país. O espírito empreendedor de Tuffi Athia resultou em uma grande expansão de serviços: clínica, cemitério parque - hoje municipalizado -, CCA (centro de convivência), serviço social, floricultura, crematório, entre outros.
Tuffi Athia morreu em 21 de outubro de 1984, aos 91 anos.
Localizado na Avenida José Campos do Amaral, no Residencial Anita Tiezzi, o Cemitério Campal Tuffi Athia possui 48.400 metros quadrados e prazo de vida útil de até 40 anos, com capacidade para mais 50 mil sepultamentos.
Inaugurado em 2001, foi o primeiro cemitério parque implantado na região. A necrópole foi municipalizada em 2013.
Foto: Arquivo - Cemitério foi municipalizado em 2013