CHARANGA DOMINGUEIRA de 07-06-2015

Esportes - Flávio Araújo

Data 07/06/2015
Horário 07:00
 

Fifa: o momento da limpeza


 

Creio não ter acompanhado uma oportunidade de limpeza geral na Fifa como esta que agora se escancara. O favorecimento a determinados países que a entidade considera manipuláveis abriu caminho para os meandros que já vinham sendo denunciados. Principalmente pela imprensa inglesa.

Os britânicos jamais se conformaram com o fato de perderem sucessivamente sua candidatura para sediar os jogos que somente uma vez, 1966, tiveram como cenário a Inglaterra. Certo que foi numa época em que a Fifa era presidida por um britânico, mas a escolha era anterior ao período em que Stanley Rous, um ex-árbitro de futebol a presidiu.

Os ingleses também não podem se dizer anti-oligarquia já que Rous esteve na presidência por 13 anos e só a deixou quando Havelange o derrotou em 1974. Do contrário lá ficaria até a morte com seu grupo. É inegável, porém, que por justiça ou por vingança foi da imprensa inglesa que surgiu o maior volume de denúncias contra os malfeitos realizados por e à sombra de Blatter.

Depois da saída de Rous, o sistema introduzido por Havelange tornou a Fifa dinâmica e eficaz no apoio ao futebol, estendeu seu braço para todos os lados do mundo, mas não teve retidão para controlar a voracidade da corrupção a partir do próprio trono. Josepf Blatter, outro oligarca, praticou o que aprendera com seu mestre. Blatter, na verdade é filho da política do brasileiro que não o pretendia ter como sucessor. Este deveria ser Ricardo Teixeira, um esperto atirador individual que caiu no berço esplendido e dele se fartou até que os europeus abriram os olhos.

E se Havelange não era homem do futebol, Teixeira e Blatter muito menos. Os americanos entraram em ação também por serem preteridos na escolha do país para sediar Copas. Para a de 1994 foi necessário que o então secretário de Estado Henry Kissinger falasse grosso para receberem o evento.

Como tantas transações ilegais da Fifa passam por seu território principalmente por seus bancos encontraram base jurídica para as ações que colocaram entre outros José Maria Marin na cadeia na Suiça e a investigação, o indiciamento do elevado número de figuras que tornou o ambiente na Fifa irrespirável e provocou a tensão que obrigou a renúncia do recém reeleito.

O principal problema da Fifa é a manutenção dos mesmos membros de seu primeiro time, o Comitê Executivo e dos tentáculos do mesmo. Caso sejam encontrados nomes limpos e dispostos a arregaçar as mangas e principalmente se o número de mandatos se tornar limitado o grande beneficiário de tanta sujeira será o futebol. Em tempo: Michel Platini também já está contaminado.

 

Flávio Araújo, jornalista e radialista prudentino escreve aos domingos neste espaço.

 
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