Charanga Domingueira de 12-08-2013

Comandar a delegação do Brasil numa Copa do Mundo hoje é apenas posição honorífica para lustrar vaidades.

Esportes - FLÁVIO ARAÚJO

Data 12/08/2013
Horário 08:32

Da anemia de Neymar aos dentes podres dos campeões


 

Não me preocupou a notícia estampada no AS, diário esportivo espanhol, e que repercutiu por toda a imprensa brasileira. Vocês já devem ter tomado conhecimento da informação de que Neymar está com anemia e os médicos do Santos confirmaram que já tinham conhecimento do problema. Se é que se pode chamar essa descoberta de problema.

Resultado de vida desregrada, de noites mal dormidas, de excessos da juventude? Nada disso, dizem os médicos: apenas consequência da recente cirurgia a que o atleta se submeteu para extração das amídalas e que um exame de sangue no máximo em três meses demonstrará que os níveis de glóbulos vermelhos estarão dentro dos parâmetros que a ciência considera como normais. Anemia de baixa intensidade se cura rapidamente com doses de componentes químicos do ferro.

A notícia me permitiu a incursão para um terreno que bem demonstra o quanto houve de evolução no controle da saúde dos atletas do futebol de alto nível. O Brasil perdera a Copa do Mundo de 1950 naquela final dramática diante do Uruguai e depois caiu fora na metade do caminho na Copa seguinte, 1954, na Suíça, mesmo contando com seleções de alta qualidade. Foi a época que permitiu a criação do termo "cachorro vira-lata" como Nelson Rodrigues qualificou o futebol brasileiro.

Algo de mais sério tinha que ser feito e isso aconteceu com a nomeação de Paulo Machado de Carvalho para uma posição de comando muito diferente daquilo que hoje impera na seleção nacional do Brasil a partir da era Ricardo Teixeira e seguida à risca por José Maria Marin. O posto para o qual o doutor Paulo foi convidado por João Havelange era oficialmente de chefe da delegação do Brasil e hoje esse cargo serve para a presidência da CBF, já há algumas Copas, fazer média com dirigentes de federações estaduais buscando apoio eleitoral.

Comandar a delegação do Brasil numa Copa do Mundo hoje é apenas posição honorífica para lustrar vaidades. No caso de Paulo de Carvalho era diferente: tudo o que se relacionasse com o escrete nacional passaria pelo seu crivo integrando-se de corpo e alma ao mister. Sua primeira providência foi criar um grupo de trabalho para elaborar aquilo que se chamou de "Plano Paulo Machado de Carvalho" sem que no mesmo houvesse qualquer interesse político, troca de favores ou remunerações. Foram chamados jornalistas que privavam da amizade do comandante, homens independentes e sem aspiração outra que não fosse aquela de bem servir a quem os convidara e por consequência ao futebol do Brasil. (Continua...)

 

 

Flávio Araújo é jornalista e radialista prudentino, escreve aos domingos neste espaço

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