CHARANGA DOMINGUEIRA de 12-10-2014

Esportes - Flávio Araújo

Data 12/10/2014
Horário 01:17
 

 

Sequestro no grande rádio prudentino

 

O rádio da cidade já deu o que falar. Tenho escrito sobre isso. Quando só uma emissora na cidade condensava tudo aquilo que hoje as televisões tentam executar. E não conseguem. Numa coluna próxima escreverei também sobre nossos jornais de antanho do qual este é a maior prova de valor quando o centenário se aproxima. É história que tive o privilégio de viver e os novos tem obrigação de conhecer.

Há alguns dias citei o Joaquim Nascimento e isso ensejou diversas indagações de leitores. Escrevi que o Jaca fazia até chover. Chuvas e trovoadas. Com a simbologia de feitos épicos e nem sempre enquadrados naquilo que a ética recomenda. O fato que narro explica melhor. Yvette Pinheiro, a fada que dava nome à segunda emissora que aqui surgiu, foi um dos valores da linha de frente de nosso rádio e não é por ser minha mulher e a fada boa que Deus me reservou, isso há mais de 30 anos de constante amor e amizade que faço o relato.

É história. Meu objetivo é mostrar até que ponto nosso rádio era pródigo em ações dignas das revistas especializadas. Yvette fez novelas desde os 3 anos de idade e discursou nas escadas da então prefeitura saudando os pracinhas que voltavam da Itália com um uniforme igual ao dos expedicionários. Isso aos 6 anos de idade. Na adolescência foi o par romântico constante nas novelas ao lado do Joseval Peixoto, outro, como o Jaca, dos grandes do nosso rádio. Yvette interpretava com a qualidade de uma Fernanda Montenegro as crônicas que o Soller e o Rubens Shirassu escreviam.

Este episódio envolve Yvette e Jaca, colegas na nova emissora que surgia, a Rádio Prudente, que revolucionou o meio. Não só melhorou a qualidade como também aumentou os pequenos ganhos. Yvette, que ganhava minguados cachês, recebeu proposta para ser contratada e fazer seu famoso programa de auditório com a criançada na PRI-5 para quebrar a subida de audiência da nova emissora. A rádio veterana dava o troco por tantos valores que a nova lhe roubara. O escriba, inclusive.

No dia da estreia recebe a visita do Jaca anunciando que iria também participar do programa e que precisavam ensaiar. Na inocência dos seus 15 anos é conduzida e trancafiada na chácara da família Nascimento. Só foi libertada por sua mãe, aflita com sua ausência na abertura do programa e quando chega a rádio o programa ia em meio. Carlos Alberto, o então gerente, não aceita explicações e considera o fato motivo suficiente para ruptura do contrato. Foi reconduzida à emissora da Fada onde continuou a brilhar, mas na base dos pequenos cachês. Conto o fato e acrescento: é tudo verdade.

 

 

Flávio Araújo é jornalista e radialista prudentino, escreve aos domingos neste espaço
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