Charanga Domingueira de 13-10-2013

Esportes - Flávio Araújo

Data 13/10/2013
Horário 10:24
Prudente tem muito a contar

 

Ando saudoso dos fatos com os quais convivi na minha infância risonha e franca na jovem Prudente. Não são as lembranças sorumbáticas dos idosos que se sentem nos contornos do Cabo das Tormentas, pois para mim será sempre o da Boa Esperança. São lampejos felizes que somo à Charanga passada sobre o grande rádio pioneiro que a cidade possuiu.

Essa torrente de felizes recordações se reforçou ao receber (e agradeço) o livro "Raízes Prudentinas", volume 3, de Benjamin Resende, que conta fatos dos quais fui testemunha ocular e auditiva. Veio em seguida o nosso O Imparcial e na coluna de fotos mantida pelo Valtinho Caiuá encontro a do Prudentino, primeiro time que vi em campo na minha vida. Ali estão figuras como Mané Ramos e Selim, que entre outros foram responsáveis pelo meu acendrado amor pelo futebol.

Eis que no domingo que passou vem me visitar aqui em meu retiro de Águas de Santa Bárbara o Jaime da Silva, amigo de infância que me levou às lagrimas quando trocou Prudente por Campinas, em 1951. Como seria possível conviver sem os jogos de botão diante do Jaime, ele com seu São Paulo, e eu com meu Palmeiras? Foram momentos de recordações daquelas que nos transportam ao cenário do acontecido como se agora o fato estivesse sendo vivido. Incrível os recortes das primeiras edições deste jornal que o Jaime guarda com tanto carinho.

Pelo livro do Benjamin e de outros que escreveram sobre Prudente lembrei obras mais circunspectas e didáticas como a tese de mestrado do professor Dióres Abreu ou o "Prudente, Capital Regional" da professora Maria Angela D’Incao, hoje lecionando em Assis. Lembrei-me das maravilhosas obras do Geraldo Soller, nosso maior historiador jornalístico, e de um livro que muito gostaria de possuir, o "Entre lágrimas e risos", do saudoso Tito Junior. Pensar que um dia ousei colocá-lo com sua divertida dislalia ao microfone. Felizmente ele enveredou para as letras quando se consagrou com seu Pirilampo que o Brasil todo leu.

Por que esses livros não são recuperados, editados e colocados em catálogo, não sei. É nossa história em paginas que precisam ser preservadas. Comentam que falta vontade política para isso acontecer. Que livro não rende votos. Notem que citei alguns poucos e Prudente, que hoje possui um intelectual do valor do Shirassu Junior (quem sai aos seus não degenera), tem no passado autores de fatos que a juventude e os novos habitantes jamais conhecerão se medidas urgentes não forem tomadas. O próximo passo que o dê o secretário de Cultura de minha cidade.

 

 

Flávio Araújo é jornalista e radialista prudentino, escreve aos domingos neste espaço
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