CHARANGA DOMINGUEIRA de 29-05-2016

Esportes - Flávio Araújo

Data 29/05/2016
Horário 11:05
 

FUGINDO DO FOGO OU ENTRANDO NA BRIGA


 

Flávio Araújo


 

Foi a primeira vez que vi um acidente de grandes proporções em estádios de futebol. Não foi briga de torcidas, nem havia ainda os chamados "hooligans", mas o costume de colocar fogo em jornais assustava muita gente ao final de partidas notadamente na geral do Pacaembu. No caso, as informações falam de um curto-circuito na parte elétrica de uma partida que estava se iniciando num domingo à tarde. Era o dia 23 de novembro de 1958 e a visita do São Paulo F.C. era aguardada com grande expectativa em Bauru (SP). O Noroeste tem muita tradição, mas o Tricolor é muito querido por ali. Mal iniciada a partida e a correria começou das arquibancadas para dentro do gramado e o fogo lambeu tudo a sua volta. Felizmente salvaram-se todos, embora houvesse muitos feridos. Hoje naquele local existe um supermercado e poucos se lembram do fato. A recordação me vem à memória ao constatar o momento terrível que o futebol está vivendo com as constantes brigas de torcidas, onde mesmo sem as proporções de um incêndio, sempre existem mortos e feridos. O problema não é apenas brasileiro, é mundial, e as tragédias mais constantes e mais violentas têm acontecido lá fora. Dentro de estádios aqui no Brasil os fatos são raros e os baderneiros preferem marcar seus confrontos em lugares distantes, o que faz com que as recentes medidas tomadas pelas autoridades percam a validade. Em geral, não brigam pelo futebol e sim pelo desejo de brigar e é comum que os baderneiros sejam sempre os mesmos. O que torna o fato como acontecimento policial de rotina e em mera piada a iniciativa de se fazerem jogos com torcida única. Típico exemplo de incapacidade do poder público de conter a violência que nos tempos presentes passou a fazer parte da vida de quase todos. Além do mais, um acidente é uma coisa e uma batalha de vândalos é outra bastante diferente. Quando de um acidente todos procuram se ajudar, exatamente o contrário acontece nas brigas entre torcedores. Desde a numeração obrigatória nos assentos nas praças futebolísticas ficou faltando o complemento sem o qual esta se torna inútil. Quem vai sentar-se neste ou naquele local? É necessário que todos aqueles que frequentam jogos sejam cadastrados. Isso fará com que a presença do torcedor seja dificultada, o ato de se conseguir ingresso para os grandes jogos ficará mais difícil, mas, o que fazer? É o preço a se pagar para que acabem as brigas nos estádios. Os combates nas estações de metrô ou distante das praças futebolísticas é outra estória. Que cabe à polícia resolver.

 

Flávio Araújo, jornalista e radialista prudentino escreve aos domingos neste espaço

 

 
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