Cidades da região relatam falta de vacinas para aplicação da 2ª dose 

Problemas relatados pelos municípios consultados se deram em especial com o abastecimento da Coronavac; infectologista traz recomendações para estes casos

REGIÃO - GABRIEL BUOSI

Data 19/05/2021
Horário 07:55
Foto: Governo do Estado 
Municípios da região relatam falta de estoque para a aplicação da segunda dose
Municípios da região relatam falta de estoque para a aplicação da segunda dose

Algumas cidades da região de Presidente Prudente relataram ontem a dificuldade de dar sequência na aplicação da segunda dose da vacina contra a Covid-19 para alguns grupos, por falta de imunizantes. Para o infectologista André Luiz Pirajá da Silva essa é uma situação que requer atenção e cuidados, já que o ideal é respeitar o prazo de intervalo e tolerância informados pelo fabricante da vacina. “Se houver atrasos, pode ser que haja uma diminuição da eficácia. No entanto, ainda é melhor receber uma dose com atraso, do que não receber dose nenhuma”. 
Para fazer o levantamento, a reportagem levou em consideração os 15 municípios da região em que há a circulação do jornal O Imparcial. Em Álvares Machado, por exemplo, a Prefeitura afirmou que há a falta da Coronavac para a aplicação da segunda dose, mas não precisou a qual público, de forma que neste momento, a Prefeitura segue o protocolo do Estado para a inclusão ou manutenção dos grupos a serem vacinados. “Atualmente, imunizamos os grupos com comorbidades acima de 50 anos. O Estado já foi avisado sobre a falta da vacina para segunda dose”. 
O mesmo ocorre em Mirante do Paranapanema, que também apresenta uma falta de vacinas para a segunda dose. A Prefeitura apontou, no entanto, que já respondeu a um formulário online do Ministério da Saúde para relatar a falta e lembra ter informado o Estado de que os idosos com mais de 65 anos não possuem a segunda dose do imunizante. “Agora precisamos aguardar”. 
Presidente Epitácio também confirmou o déficit em vacinas para a segunda dose “em determinadas faixas de idade”, mas não informou especificamente a quais. Lembrou que não há previsão para a inclusão de novas faixas etárias para o processo de vacinação e ressaltou que, quanto às demais categorias de prioridade, o município tem seguido o calendário do plano estadual de imunização. “Para estes, no momento, não há falta de doses”.
Em Regente Feijó, conforme a enfermeira responsável pela Vigilância Epidemiológica, Fabiana Morceli, o município enfrenta sim o déficit de vacinas da Coronavac, que não tem previsão de nova remessa. “Recebemos uma grade da vacina para imunizarmos os idosos de 64 anos. Além disso, nesse momento, estamos vacinando grupos prioritários de 50 a 59 anos com comorbidades, até o momento sem problemas com o quantitativo de vacina”. 
Por sua vez, a Prefeitura de Santo Anastácio informa que possui em estoque 1.620 vacinas da AstraZeneca, contando primeira e segunda doses. “Desta vacina não temos déficit para segunda dose, porém, para segunda dose de Coronavac, no mês passado, faltaram cerca de 90 doses. Estamos fazendo o possível para revertes esse quadro”, aponta. Ainda informa que o município recebeu 240 doses da Coronavac no último fim de semana para a segunda dose da população de 64 anos e mais, e para a primeira dose destinada às gestante e puérperas com comorbidades. 
A Prefeitura de Anastácio acrescenta que comunicou o déficit aos responsáveis pela distribuição das vacinas, tanto por email, como por um questionário elaborado pelos mesmos. “É difícil responder até quando dura este estoque, pois o grupo prioritário para a vacinação é muito amplo e não determinamos um dia em específico para vaciná-lo. A imunização está ocorrendo todos os dias, de acordo com a demanda da população”, aponta. Conforme a administração municipal, no momento, não há previsão para a chegada de novas doses desses dois imunos.

Doses em dia

Por outro lado, as cidades de Presidente Bernardes, Presidente Prudente e Rancharia afirmaram que não tiveram problemas com o abastecimento de doses de vacina contra a Covid-19. Em Martinópolis, a Prefeitura chegou a ficar aproximadamente 10 dias sem estoque da segunda dose, mas ontem afirmou que a situação já havia sido normalizada. 
Outros municípios também foram procurados, mas até o início da noite de ontem a reportagem não recebeu um retorno sobre a situação do estoque local. São eles: Alfredo Marcondes, Indiana, Narandiba, Pirapozinho, Presidente Venceslau e Teodoro Sampaio. 

"Coletivo precisa ser vacinado"

O infectologista André Pirajá afirma que há riscos sim nesse atraso na vacinação, uma vez que ela é a forma mais eficaz de se combater a Covid-19. “É o que chamamos de imunidade rebanho e que consegue diminuir de forma abrupta o número de casos, mas, para que isso ocorra, precisamos que haja pelo menos 60% da população imunizada, já que é como se fosse um grande escudo”. 
Pirajá pontua que, nestes casos, a orientação é manter todos os cuidados já ensinados em relação à pandemia, mas em especial ao distanciamento social, já que a vacina impede ou diminui grandemente as chances da forma grave da doença, mas pode permitir casos leves ou assintomáticos. “Ainda que esteja em atraso, é melhor receber a dose dias depois, do que não receber”, pontua. 

"Estado enviou doses suficientes"

Em nota, o governo de São Paulo afirmou que enviou doses suficientes para aplicação da segunda dose da vacina contra a Covid-19 a todos os 645 municípios do Estado, com imunizantes destinados aos públicos anunciados. Pontuou que a região de Presidente Prudente já recebeu 305,1 mil doses, e que registrou 282,5 mil aplicações na plataforma VaciVida, o que evidencia um “saldo” de quase 22,5 mil doses que deveriam ter sido administradas pelos municípios, conforme dados reportados no Vacinômetro. “Especificamente para o município de Álvares Machado, foram enviadas mais de 9 mil doses e apenas 8,2 mil foram aplicadas”, exemplificou sobre um dos municípios que estão sem vacinas.

Municípios devem se programar

O Estado informou ainda que todas as grades de vacinas são enviadas a cada região e cidade em tempo oportuno, em quantidade idêntica para aplicação de primeira e segunda dose, que as grades de distribuição levam em conta o público integral e são acompanhadas das recomendações para aplicação. “Os municípios recebem as grades de vacinas para os públicos-alvo e eles são responsáveis por programar as estratégias para aplicar nos públicos definidos no PEI [Plano Estadual de Imunização]”.
Ressaltou que o PEI é “claro e objetivo”, cabendo às prefeituras utilizar as vacinas de acordo com os critérios técnicos e públicos, ou seja, devem respeitar as faixas etárias e/ou grupos estipulados bem como o intervalo de tempo de aplicação entre doses (até 28 dias para a vacina do Butantan e até 12 semanas para a da Fiocruz). 

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