Ao mesmo tempo em que o SUS (Sistema Único de Saúde) se organiza para iniciar a vacinação emergencial contra a Covid-19 no Brasil, as clínicas particulares de imunização também se mobilizam para entrar na luta contra a pandemia. Isso porque, a ABCVAC (Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas) anunciou que está em negociação com a farmacêutica Bharat Biotech para a compra de 5 milhões de doses para o mercado privado brasileiro. As 200 associadas da ABCVAC, que representam 70% do mercado privado nacional, terão prioridade na aquisição do imunizante.
A Vaccine Care de Presidente Prudente é uma dessas associadas. À reportagem, o proprietário da unidade, Eduardo Peruzzi, afirmou que tem ciência da negociação entre o setor e a farmacêutica, e disse que, se de fato essa vacina for aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e o acordo concretizado, a unidade será uma das primeiras clínicas a receber o imunizante. “Vale lembrar que o uso emergencial não se aplica para clínicas privadas. Ou seja, precisamos de uma autorização para que esse início de vacinação ocorra”.
Além disso, Eduardo lembra que, em Prudente, é muito cedo para se falar em prazos ou previsão para que a rede privada inicie esse processo, já que a situação pode mudar conforme ocorrerem as negociações entre o governo federal, que eventualmente pode optar por comprar as doses da farmacêutica, o que inviabilizará o acordo com as clínicas particulares. Por outro lado, em nota, a Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas informou que as doses podem chegar “em meados de março”, a depender dos trâmites de aprovação das agências reguladoras.
“Dessa forma, a população não coberta pelo PNI [Plano Nacional de Imunização] terá acesso ao imunizante, o que fará com que o Brasil estenda a vacinação mais rapidamente. Estamos muito felizes em ter a chance real de contribuir com o governo na cobertura vacinal, utilizando da saúde suplementar para desafogar os gastos públicos”, explica a associação.
A reportagem entrou em contato com outras clínicas de Presidente Prudente para repercutir o interesse na vacinação, mas as unidades preferiram não se manifestar no momento.
De acordo com a Agência Brasil, o Ministério da Saúde afirmou que o início da vacinação contra a Covid-19 deverá ser realizado no âmbito do SUS, conforme previsto no Plano de Operacionalização da Vacinação. “Na eventualidade da integração de clínicas particulares de vacinação ao Plano Nacional, é preciso observar que o registro da aplicação do imunizante precisaria ser feito junto à Rede Nacional de Dados de Saúde e à caderneta digital de vacinação”, afirmou a pasta ministerial. Esta rastreabilidade possibilita identificar quem tomou a vacina e em qual data, além de precisar o laboratório e o lote do imunizante, possibilitando a aplicação de uma segunda dose no prazo correto.
Ainda de acordo com a agência de notícias, mesmo com a negociação entre a associação e a Bharat Biotech, a imunização irá respeitar a ordem de grupos, de acordo com os já definidos como prioritários.
SAIBA MAIS
A Bharat Biotech possui capacidade produtiva de 300 milhões de dose, que devem atender ao mercado interno indiano e também ao sistema público de saúde brasileiro, por meio de um protocolo de intenções firmado com o governo federal. A tecnologia de vírus inativo, utilizada pela Bharat Biotech no desenvolvimento da Covaxin, permite que o acondicionamento da vacina seja realizado entre 2°C a 8°C. A previsão é de que seja lançada no mercado em fevereiro de 2021, e a projeção é de que sua validade contra a Covid-19 seja de 24 meses. O imunizante é administrado em duas doses, com intervalo de duas semanas entre elas.
