De repente, não mais que de repente, como diz o verso do poeta Vinicius de Moraes, dezenas de pessoas foram para o meio da rua na Cohab, em Prudente. Fregueses que almoçavam em um restaurante tipo marmitex também interromperam as garfadas e quiseram saber que diabo estava acontecendo. Ou estava a acontecer, como se diz em Portugal, onde o tal de gerúndio não é praga como no Brasil.
Uma cobra agonizava na frente do restaurante. O animal se mexia, se arrastava de um lado para o outro. "Carros passaram em cima da cobra, ela não vai resistir", disse um senhor já na faixa dos 70 Natais na linha da vida.
Ele acertou na mosca e em outros insetos: a cobra bateu as botas e outros calçados. E ficou lá estendida no chamado leito carroçável, expressão que acho horrível. Quantos veículos passaram por cima da cobra? "Talvez uns 15", contabilizou um rapaz franzino, que almoçava no restaurante.
Não era jararaca, cascavel ou urutu. "Tá com pinta de ser cobra-cega", avaliou um estudante. Um sujeito até brincou: "Chamem um oftalmologista para saber se é cega ou não". A cobra era cinzenta e media uns 30 centímetros.
Grandinha, claro. Não sei se essas são características da cobra-cega, que também é venenosa e possui dentes, segundo o Instituto Butantan, observando que ela é anfíbio. Não tanto venenosa quanto as serpentes peçonhentas, é claro.
Alguém lembrou que foi a segunda vez que essa espécie de cobra apareceu na mesma rua. É o tal negócio: de onde elas vêm? Quem é que sabe?
Há um terreno baldio por perto, mas a área não está tão suja. Será que esse terreno virou um ninho de cobras, a exemplo de Brasília?
Carece conferir, como diria o prefeito de Xiririca da Serra. Na atual conjuntura, a situação está de fazer cobra-cega enxergar e vaca não reconhecer o bezerro.
DROPS
Cachorro mordido por cobra tem medo da própria cauda.
Onde há fumaça há churrasco.
Não há lunáticos na lua. Já na Terra...
Queremos vacina made in qualquer país.