Com 145 novos trabalhadores, Prudente registra retração de 69,7% no saldo de empregos

Dados do Caged apontam 3.032 admissões e 2.887 desligamentos, em setembro, com setor de serviços novamente em destaque, embora também com recuo de 48,8%

PRUDENTE - MELLINA DOMINATO

Data 07/11/2025
Horário 06:10
Foto: Marcelo Camargo/ABr/Arquivo
Dados do Caged apontam 3.032 admissões e 2.887 desligamentos em setembro
Dados do Caged apontam 3.032 admissões e 2.887 desligamentos em setembro

Presidente Prudente registrou recuo de 69,79% no saldo de empregos, em setembro, em comparação ao mês anterior. Dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgados pelo Ministério do Trabalho, apontam 3.032 admissões e 2.887 desligamentos, resultado de 145 novos trabalhadores no nono mês deste ano, número que chegou a 480 em agosto. 

Embora tenha seguido como destaque positivo de vagas, com 207 novos contratados, em setembro, consequência de 1.491 admitidos e 1.284 demitidos, o setor de serviços também contabilizou retração de 48,8% no saldo, já que em agosto a marca chegou a 405 novos colaboradores.

A indústria seguiu em baixa em setembro, com saldo negativo de 68 vagas. Foram 372 contratações e 440 demissões no período. Em agosto, o resultado já tinha ficado no vermelho, com menos 19 trabalhadores. O comércio, que vinha com marca positiva no oitavo mês, com 57 novos funcionários, também catalogou retração em setembro, quando chegou a menos 20 vagas, diante de 928 admitidos e 948 desligados.

Na agropecuária, cenário de estabilidade, com saldo de 14 novos empregados, em setembro, com 57 contratações e 43 demissões. O mesmo ocorreu na construção, que teve 184 admitidos e 172 desligados: 12 admissões no nono mês deste ano.

Acomodação no ritmo

Líder de operação regional do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Eliezer Sales Ramos, avalia que, em seu entendimento, o recuo no saldo de empregos, especialmente no setor de serviços, reflete uma combinação de fatores sazonais e conjunturais da economia. 

“Historicamente, em Presidente Prudente, o mês de setembro tende a apresentar uma acomodação natural no ritmo de contratações, após um ciclo mais aquecido nos meses anteriores, quando muitas empresas reforçam seus quadros para atender à demanda do inverno e do início do segundo semestre”, explica.

Ele pontua que, além disso, o setor de serviços sofre variações diretas do nível de consumo das famílias e das empresas, que, em 2025, têm enfrentado um cenário de crédito mais restrito e custos operacionais ainda elevados, o que impacta decisões de contratação. 

A expectativa é de uma melhora gradual no último trimestre, impulsionada por eventos de fim de ano, contratações temporárias e aumento no consumo, principalmente no comércio e em serviços ligados ao varejo, turismo e alimentação. 

“O Sebrae-SP estima que os pequenos negócios continuarão tendo papel central na geração de empregos. 
Portanto, embora setembro tenha registrado desaceleração, poderemos ter uma recuperação moderada até o final do ano, acompanhando o movimento sazonal da economia e a preparação do mercado para o Natal e o verão”, revela Eliezer.

O líder de operação regional do Sebrae-SP ainda destaca que o desempenho do emprego formal na capital do oeste paulista deve ser analisado sob uma ótica mais ampla. “Mesmo com a redução no saldo em setembro, a cidade mantém desempenho positivo no acumulado deste ano, o que indica resiliência da economia local, especialmente entre as micro e pequenas empresas”, frisa.

“O Sebrae-SP continua atuando para fortalecer os pequenos negócios, oferecendo orientação técnica, capacitação e apoio à gestão e à inovação, elementos fundamentais para a manutenção e expansão do emprego formal na região”, prossegue. “De modo geral, os dados sinalizam uma economia em fase de ajuste, mas com boas perspectivas para o encerramento de 2025, especialmente se houver melhora no ambiente de crédito e no nível de confiança do consumidor”, conclui Eliezer.

Previsão negativa

Diretor regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) em Prudente, Itamar Alves de Oliveira Jr., afirma que a retração no saldo de empregos já era esperada. “Até acho que tem tido uma persistência maior devido à grande quantidade de dinheiro que o governo federal tem colocado nas ruas. Por outro lado, a gente tem uma taxa de juro extorsiva hoje, que freia a produção generalizada e os investimentos, tanto do comércio quanto da indústria”, ressalta.

Tal cenário ainda provoca a geração de altos níveis de inadimplência. “E aí está desembocando nessa situação que nós estamos vendo. Eu acho que isso vai se agravar, mesmo não sabendo o que acontecerá no próximo ano, o tanto de dinheiro que o governo irá colocar na rua por causa das eleições. Mas, a tendência é essa. A gente vê uma persistência maior na área de serviços, como apontam os seus números. Mas, tanto na indústria, que já vem sofrendo mais, quanto no comércio, que começou agora, isso é bem evidente”, prevê Itamar.

“Então, eu acredito que, no médio prazo, daqui para o ano que vem, essa situação vai se agravar, sim. A gente quer ser otimista, mas com essas taxas de juros extorsivas, não há outro caminho. E isso também impacta na inflação, que, aos poucos tem cedido, e isso é de extrema importância para a queda dos juros para a economia formal, aquela que realmente produz, para ver se melhora essa situação”, finaliza o diretor do Ciesp.

Reprodução/Caged


Dados do Caged, divulgados pelo Ministério do Trabalho, apontam desempenho de setores

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Para líder de operação regional do Sebrae-SP, expectativa é de melhora gradual no último trimestre

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Itamar: “No médio prazo, daqui para o ano que vem, essa situação vai se agravar”

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