Com coração dividido, torcedor aposta hoje na vitória da Bélgica

Thierry, da cidade de Zoersel, arrisca 3 a 2, mas explica que fica feliz com a classificação brasileira

Esportes - JULHIA MARQUETI

Data 06/07/2018
Horário 10:12
José Reis - Thierry passa férias no Brasil e mostra seu fusca, com as cores da Bélgica, comprado há 18 anos
José Reis - Thierry passa férias no Brasil e mostra seu fusca, com as cores da Bélgica, comprado há 18 anos

Em mais um dia de jogo da seleção, os torcedores brasileiros amanhecerem com o coração aflito. Mas, se para quem torce para apenas um time, o sentimento já é complicado, imagina para quem se divide entre duas paixões.

Apaixonado por cidade pequena, o belga Thierry Kennis viaja para Martinópolis há 25 anos. A primeira vinda foi em 1993, para fazer um intercâmbio, e o acolhimento brasileiro o fez se sentir em casa e sempre querer estar por aqui. Marinheiro, que trabalha quatro meses e tem férias outros quatro, aproveita a cidade calma e com conhecidos para descansar. Morador de Zoersel, na Bélgica, ele não esconde que gosta de futebol e quer a vitória de sua seleção natal, mas explica que, “caso a seleção brasileira vença, tudo continua bem”.

Admitindo não ser muito fanático, Thierry escolheu o Palmeiras como seu time do coração aqui no Brasil e agradece, na atual edição da Copa do Mundo, o horário que não o obriga a acordar de madrugada. “Eu gosto, mas nada que se compara à paixão brasileira. Tipo, acordar meia-noite, ou 1h da manhã para assistir jogo é algo que não faço”, admite.

Com o jogo de hoje marcado para às 15h, Thierry já organizou com quem vai assistir e o local. Mas antes de criar o grupo, fez questão de fazer uma seleção, porque uma experiência passada o fez ter um pouco de receio do fanatismo brasileiro. “É gostoso, só que uma vez, acompanhei o jogo em 94, na casa de corintianos, uma final de campeonato em Palmeiras e Corinthians. O Timão começou perdendo e eu achei que a amizade tinha acabado ali. Mas depois eles viraram e aí continuou numa boa”, relembra. Por este motivo, a camisa que Thierry apresenta nas fotos da matéria ficará dentro do guarda-roupa e vai entrar em campo uma branca, neutra.

Para ele, mesmo que tenha um cuidado com a reação dos torcedores diante da derrota, a aposta fica para um jogo emocionante, e com um placar a favor de sua seleção número 1. “Eu estou torcendo para que a Bélgica ganhe mesmo, vai estar difícil para os dois lados. A defesa da Bélgica não é aquelas coisas, então vai tomar gol, uns dois, mas como tem que ganhar, vai ser 3 a 2 para a Bélgica”, palpita.

Além do fanatismo elevado do brasileiro, outro fato surpreende Thierry. “Lá [na Bélgica] nós gostamos de futebol, mas aqui é diferente, tudo para, o país para. Lá as lojas não fecham, continua tudo normal”, afirma. Por outro lado, a cobrança da torcida em cima do camisa 10 do Brasil agrada o marinheiro. “Acho legal que o Neymar sempre estava caindo, mas o povo brasileiro pegou tanto no pé que agora ele não está caindo mais”, ressalta.

Destacando o meia Kevin De Bruyne, pela seleção da Bélgica, Thierry cita três brasileiros que gosta, e um jogador que não te agrada tanto assim. “Esta seleção do Brasil está muito boa, há quatro anos não gostei, mas agora está melhor. Firmino, Paulinho e Neymar, claro, são muito bons, só o Thiago Silva que eu não gosto tanto, mesmo com o gol feito”.

O fusca

Sendo seu primeiro carro, comprado há 18 anos, o fusca tem grande valor para Thierry. Para ele, o objetivo sempre foi decorar e deixar mais sua cara. “Eu queria igual aquele Herbie, do filme, mas fazer igual é meio chato, e também as cores dele são iguais às cores da bandeira da Holanda, e o povo da Bélgica não gosta muito de lá. É pior que Argentino com brasileiro”, conta. Sendo assim, resolveu colocar três faixas com as cores da bandeira belga, preta, vermelha e amarela, mas um problema ocorreu. “Era para ser 58, não 51, mas fiz errado e ficou assim mesmo”, explicou rindo, sem contar o motivo da escolha dos números.

 

 

 

 

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