Santo Anastácio dispõe, desde 3 de junho, um termo de guarda provisória da Estação Ferroviária da cidade, válido por um ano e que pode ser prorrogado por igual período. O local é considerado patrimônio histórico do município, local que guarda muitas memórias. A assinatura do termo ocorreu na sede da Superintendência do Patrimônio da União no Estado de São Paulo, na presença do prefeito Duca Bonilha (Patriota)) e do superintendente do Patrimônio da União, Denis Fabrisio de Oliveira Selymes e Sidney Nery.
De acordo com Denis, o termo transfere a guarda e conservação do espaço pelo município, enquanto tramita os procedimentos de incorporação do imóvel. “Após incorporação, a União destinará por cessão ou doação do imóvel ao município, para implantação de projeto de interesse público municipal”, explica. Acrescenta ainda que o município ficou com o encargo de defender a posse contra invasões e depredações, zelar e conservar o espaço físico.
Ou seja, conforme a Prefeitura de Santo Anastácio, o instrumento de guarda provisória permite que a Prefeitura realize a preservação do imóvel contra riscos iminentes, de modo que será realizado um levantamento do local e, tão logo seja autorizado pela União, será dado início ao processo de revitalização do imóvel.
De acordo com Duca, o termo, possui grande importância, por ser o instrumento jurídico que autoriza a Prefeitura realizar a fiscalização, avaliação e limpeza do prédio, bem como todas as providências necessárias para atendimento das normas de saúde pública vigentes, evitando depreciação do imóvel que possui grande valor histórico para o município e toda a região. “A Estação Ferroviária faz parte da história do povo anastaciano. Principalmente, para os mais antigos, a Estação gera um saudosismo. Agora, temos o direito e o poder de melhorar a Estação, o que será interessante e de extrema importância para o município”, destaca o prefeito.
Explica que será realizado um levantamento do local juntamente com a Secretaria Municipal de Obras Públicas e, tão logo será dado início ao processo de revitalização do imóvel. Ainda não há prazo para a obra, tendo em vista que está em fase de projetos e orçamentos para dar início a revitalização do local que é considerado patrimônio cultural pelo Plano Diretor do Município.
Valor histórico
Duca ainda salienta que o valor histórico de uma estação na área central do município é imensurável, pois as ferrovias marcaram a história do Brasil no século 18 e 19 como o grande meio unificador dos mercados produtores e consumidores, contribuindo para a expansão e consolidação da economia do país. “A Estação Ferroviária Sorocabana faz parte da história de Santo Anastácio, ela pertence ao conjunto de edificações que faz parte da malha férrea da estrada de ferro sorocabana que liga a capital do estado ao interior, fundada em 1872, e o primeiro trecho da linha foi aberto em 1875, até Sorocaba”, diz. A linha-tronco se expandiu até 1922, quando atingiu Presidente Epitácio, nas margens do rio Paraná. O atual edifício da estação ferroviária de Santo Anastácio está localizado próximo ao centro comercial da cidade, na Rua Dom Pedro II, s/n, teve sua construção iniciada em 1938 e concluída em 1940.
,A estação já foi sede de um museu. Os itens e objetos que ali estavam, conforme a Prefeitura, estão devidamente armazenados em prédios públicos, com o fim de preservá-los de intempéries. “No mais, está em andamento o projeto para reativar o Museu Histórico Municipal, com o objetivo de resgatar e preservar a memória de Santo Anastácio”, conta.
A estação
De acordo com Celso Jaloto Ávila Jr., em seu livro "Santo Anastácio - A História de uma Cidade", a Sorocabana teve problemas com um corte no trajeto que levava a Santo Anastácio, depois de Guarucaia (Presidente Bernardes). O volume de terra a ser removido era grande demais para a época, e o pessoal de locação ia e vinha do trecho a fim de estudar alternativas de passagem. Tal fato levou à sugestão para o nome da estação: Vaivem, sugestão do engenheiro João Carlos Fairbanks ao Engenheiro Huet Bacellar. Parece que a estação acabou sendo inaugurada com esse nome, que logo a seguir foi trocado para Santo Anastácio, nome de uma fazenda e de um rio próximos ao local. O rio, aliás, já tinha este nome em 1900, conforme mapa da época. No entanto, outros historiadores, como o da história que é contada na Enciclopédia de Municípios Brasileiros do IBGE, em 1958, dizem que o povoado, "com meia dúzia de casas, uma máquina de benefício de arroz e de café, de propriedade de Manoel Falcão" já existia em 1918, quando o trem parava a 100 km dali, em Indiana; embora cite o engenheiro Fairbanks, nada fala sobre o nome "Vaivem".
Aberta em 1920, com uma estação que ficava do lado oposto ao atual e que em pouco tempo teria um triângulo de reversão, a estação ganhou um novo edifício já em 1927. Já em 1921 a cidade tinha dois trens semanais de passageiros partindo para São Paulo. Não durou muito a segunda construção, pois já no dia 15 de maio de 1939 o prédio foi substituído pelo atual. Segundo Rafael T. Simabuko, a estação foi projetada pelo arquiteto Antonio Arantes Monteiro e executada pela Construtora Azevedo & Travassos. "Uma grande surpresa: Santo Anastácio. Que estação linda! Parece entrada de cinema, com duas escadarias em curva que conduzem à plataforma lá em cima. Foi uma das mais belas que vi, e estava bem conservada" (Rodrigo Cabredo, 28/10/2000).
"A construção de desvio para carregar madeira e embarcar gado com linha independente partindo do pátio de Santo Anastácio, na importância de Cr$ 47.860,30" (Relatório da E. F. Sorocabana de 1942). Foi a última estação a fechar para o embarque e desembarque de passageiros no trecho entre Prudente e Epitácio, e já estava inativa quando esses trens foram suprimidos em janeiro de 1999. Embora em fevereiro de 2008 estivesse sendo utilizado como Casa da Cultura do município, o prédio estava em mau estado de conservação, segundo informa Celso Bordinassi. Em maio de 2009, estava passando por uma restauração. (Fonte: http://www.estacoesferroviarias.com.br/s/stoanastacio).
