A duas semanas do Natal, a partir de hoje, o comércio central de Presidente Prudente começa a funcionar até às 22h. Em outros tempos, as expectativas seriam da movimentação começar a ganhar força, mas, com os pés no chão, Ricardo Anderson Ribeiro, presidente da Acipp (Associação Comercial e Empresarial de Presidente Prudente), prefere não criar expectativas em crescimento de vendas em relação a 2015. Vitalino Crellis, no entanto, discorda e aposta em aumento de até 50%, isso em relação ao mês passado.
Há 6 meses desempregado, Willian comemora vaga conquistada
Ao ser indagado sobre o horário especial de funcionamento das lojas até 24 de dezembro, de segunda a sábado, com exceção dos domingos em que não haverá expediente, ele deixa claro total descontentamento e diz que "o comércio prudentino tem o que merece". Ou seja, enquanto nas outras cidades se investe em promoções, vales-compra, entre outros atrativos que chamem o público consumidor, "aqui se continua aos passos de tartaruga". "Nem o calendário do comércio é feito com antecipação", lamenta.
"Em cima disso não é possível ter grandes expectativas. As vendas no centro, ao meu ver, serão inferiores ao ano passado. Com esse calendário e a situação que estamos passando, sem motivação, o cenário é triste, ainda que seja a melhor data que termos. Os comerciantes terão que se esforçar com veiculação de mídia , trabalhar o máximo esse mês para ver se ameniza essa lamentável situação", dispara Ricardo.
O presidente da Acipp salienta que as lojas âncoras, grandes redes, puxam público. Então, se abrem aos domingos, o retorno é bom para o município. Quando perguntado a ele se o comércio sentiu alguma melhora nos últimos dias, explica que este trabalha em função de um indicador que é muito importante: o de Índice de Confiança do Consumidor, que estava despencando mês a mês. Agora deu uma estabilizada e a tendência é aumentar. Conforme ele, "mesmo com essa briga toda na política, dá para sentir que vai haver uma retomada, lenta, mas vai ocorrer".
"Se não há definição, planejamento, não tem como andar em bons passos. Os comerciantes querem trabalhar, mas são impedidos por entidades representativas", lamenta Ricardo Anderson.
Sindicato
Em resposta à questão do calendário, Vitalino Crellis, presidente do Sincomércio, ressaltou que o mesmo é feito de acordo com as possibilidades e desejos dos comerciantes. Quanto a abrir as lojas nos domingos citados, ele diz não vê necessidade de tal, uma vez que o comércio já estará aberto durante toda a semana. "Sem contar que os funcionários também precisam descansar. Pois veja bem, se trabalham no domingo, terão que ter uma folga em outro dia, entende? Não adianta abrir as portas se não terá movimento. Trabalhamos para ajudar, seguimos leis, e não atrapalhar", enfatiza o sindicalista.
Oportunidade
Algo bom que ocorre nessa época são as contratações temporárias e, neste ano, apesar de tímida, elas ocorreram. Segundo Ricardo Anderson, antes se contratava essa mão de obra com 60 dias ou um pouco mais de antecedência. "A mão de obra no mercado está abundante, por isso houve um retardamento nas contratações de dois tipos: dos temporários que em janeiro já são dispensados, e de preenchimento de vagas. Por exemplo, a partir de junho, as pessoas começam a sair e então, ao invés de repor, deixa o quadro enxuto e nessa época se faz uma seleção e contrata o funcionário, porque as empresas têm vaga para isso", pontua.
Willian Lopes, 28 anos, desempregado há seis meses, está na lista desses contratados, integrando o quadro da Jô Calçados. "Nossa, estou superfeliz. Até porque já trabalhei aqui e saí porque recebi uma boa proposta em uma concessionária de motos. O setor anda em queda e fui demitido. Pedi uma oportunidade aqui novamente e de volta, desde o dia 1º, já fui o primeiro em vendas por dois dias consecutivos . Como diz nosso supervisor: ‘a crise existe, mas ninguém anda descalço’", comemora o temporário.
