Comércio prevê aumento na venda de peixes

“São poucas as pessoas que ficam a Quaresma toda sem comer carne vermelha. O mais comum é na Sexta-Feira da Paixão ou no decorrer daquela semana", justifica.

PRUDENTE - Victor Rodrigues

Data 18/02/2015
Horário 08:38
 

Com a chegada da Quarta-Feira de Cinzas e o período da Quaresma, peixarias e estabelecimentos que comercializam peixes e frutos do mar, estimam alta nas vendas. Até o início desta semana a procura ainda era considerada baixa, no entanto, a temporada religiosa deve fomentar o consumo, uma vez que muitos cristãos deixam de comer carne vermelha neste período.

"Devido à Quarta-Feira de Cinzas, fizemos poucas vendas a mais que o comum na manhã de segunda-feira ", comenta Fernando Akiyama, proprietário do Akiyama Peixes e Frutos do Mar.

Jornal O Imparcial Salmão está entre os mais vendidos durante a Quaresma

Segundo ele, o movimento deve começar a aumentar a partir do final desta semana, mas o melhor período de vendas é notado na Semana Santa. "São poucas as pessoas que ficam a Quaresma toda sem comer carne vermelha. O mais comum é na Sexta-Feira da Paixão ou no decorrer daquela semana", justifica.

Na Semana Santa, especificamente, a procura chega a crescer 70%. Bacalhau, salmão, tilápia, sardinha e atum são os mais vendidos nas peixarias de Presidente Prudente.

No entanto, os consumidores já podem notar um aumento nos preços dos produtos em relação ao ano passado. De acordo com Akiyama, o quilo do atum que custava pouco menos de R$ 70 subiu para R$ 100. O salmão também ficou mais caro, de R$ 50 para R$ 55, e o bacalhau se manteve no mesmo valor, R$ 80, o quilo.

Na Navio Peixaria e Rotisseria o fluxo de clientes também permanece estável. Maira Siqueira, nutricionista do estabelecimento, relata que ainda é cedo para a alteração no movimento. "Por enquanto está normal. É na semana que antecede a Páscoa que trabalhamos mais", enfatiza.

Siqueira também acrescenta que os preços alteraram. Em sua loja o quilo do bacalhau era vendido a R$ 65 nesta época de 2014, e agora é comercializado por R$ 75. A tilápia teve o preço elevado de R$ 35 para R$ 38 e a sardinha de R$ 8,50 para R$ 10,50.

O estabelecimento Pescados Santa Paula, de Presidente Epitácio, além dos peixes mais tradicionais da mesa brasileira, vende muito pintado e curimba nesta época do ano, fruto das pescarias do Rio Paraná, que banha o município. Atualmente quilo do curimba custa R$ 13. "Nossas vendas crescem 50%", relata Mara Silva, gerente da peixaria.

A secretária Bete Carvalho, 56, estava na peixaria, na segunda-feira, motivada não pela data religiosa, mas sim para variar na refeição. "Substituo a carne vermelha pelo peixe somente na Sexta-Feira Santa. A compra de hoje é apenas para diferenciar uma refeição comum", diz.

A dona de casa Rosa Cereja também procurava variedade na refeição. "Peixe é gostoso, sadio. Não falta em casa", argumenta.

 

Significado religioso


O consumo demasiado de peixes e carne branca durante a Quaresma iniciou na Idade Média, quando o cristianismo começou a se fortalecer na Europa e a igreja passou a exercer forte influência social. Naquele tempo, os sacrifícios em louvor a Deus eram comuns e uma forma habitual era jejuar.

A igreja proibia o consumo de carne vermelha na Quaresma, pois a carne fazia alusão ao sangue derramado por Cristo para salvação dos pecados. Ao se abdicar deste alimento, as pessoas se uniriam ao sacrifício e amor de Jesus.

De acordo com o padre José Altino Brambilla, da paróquia Santa Rita de Cássia, a abstinência do alimento representa um esforço, "uma penitência para firmar o compromisso com Cristo em um momento de reflexão". "O peixe também representa Jesus e é um símbolo cristão", completa.
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