Conta de energia tem nova alta e população sente reajuste

Aneel anunciou que a partir deste mês será feito mais um reajuste na conta de luz; inflação do preço dos alimentos e dos combustíveis frente à estagnação do salário mínimo faz classe trabalhadora sofrer

PRUDENTE - CAIO GERVAZONI

Data 18/09/2021
Horário 07:12
Foto: Freepik
A partir deste mês, conta de energia ficará mais cara; para cada 100 kWh consumidos, valor é de R$ 14,20
A partir deste mês, conta de energia ficará mais cara; para cada 100 kWh consumidos, valor é de R$ 14,20

No final de agosto, o governo federal, por meio da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), anunciou a criação de uma nova bandeira tarifária para a conta de energia. Chamada de “escassez hídrica”, a recente tarifa começou a vigorar desde o início de setembro e será cobrada até abril de 2022. Neste caso, para cada 100 kWh consumidos, o valor é de R$ 14,20.
De acordo com a Aneel, o aumento na conta de luz será, em média, de 6,78%. A partir deste mês, a cada 100 kWh (quilowatts-hora) usados, o consumidor irá pagar R$ 14,20 a mais. O último reajuste na conta de energia ocorreu em julho, quando a bandeira vermelha patamar 2 substituiu a vermelha 1. Naquele mês, o consumo de 100 kWh foi de R$ 3,97 para R$ 9,49.
Segundo a agência, a bandeira de escassez hídrica foi criada para fazer frente ao aumento de gastos por conta do agravamento da crise hídrica no país. Em 2021, as usinas termoelétricas precisaram ser acionadas por conta do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas, principalmente, nas regiões centro-oeste e sudeste. Além de ser mais poluente, custosa e menos eficaz, diferentemente das usinas hidrelétricas - que geram energia por meio da água, as termoelétricas produzem eletricidade a partir de combustíveis fósseis, como carvão, diesel e gás. Sempre que esta forma de geração de energia é acionada, há acréscimos na conta de luz. 
Se nos reservatórios o nível de água é escasso, metaforicamente, a classe trabalhadora já vê a água passar do pescoço ao remar contra a maré de reajustes. O novo aumento na conta de luz soma-se aos acréscimos nos preços dos alimentos, combustíveis e do custo de vida em geral; e como diria o professor Raimundo em seu famoso bordão: “e o salário, ó!”. 

Sob a ótica da população

O coletor de lixo, Marcos Nonato, relata que o atual contexto é extremamente penoso. “Rapaz, a vida nossa tá muito difícil. No começo do ano, eu pagava cerca de R$ 70 e hoje pago por volta de R$ 100. Na minha casa, moram três pessoas. Tá tudo subindo, não é só a energia, não. Eu não sei o que [o país] vai virar”, pontua o coletor. 
“O pobre vai sentir e não é pouco, não”, afirma o comerciante Anderson Marques de Souza. Para ele, a estagnação do salário mínimo e o aumento constante do custo de vida representa uma “facada” no bolso do trabalhador brasileiro. “É complicado. Minha casa é uma edícula com quatro cômodos e já cheguei a pagar R$ 350 de energia. É muita coisa. É doído e ainda mais na pandemia. Como você sobrevive, fala pra mim?”, expõe. “No meu comércio, que voltou recentemente, eu não senti ainda tanto porque diminuí o uso do freezer”, pontua o comerciante, que antes pandemia usava cinco freezers para refrigerar as bebidas do bar; atualmente, ele utiliza três. 
“Eu tento economizar o máximo possível. Luz é apagar e não acender para nada, só em caso de emergência. No chuveiro, a coisa tem que ser rápida. É entrar, jogar água no corpo, esfregar rápido e sair. Nada de ficar pensando de baixo do chuveiro mais não”, pontua o comerciante. 
Para a aposentada Araci Leão Moreno Ishikawa, o aumento na conta de energia representa mais um peso para a renda da família. “Olha, bom não é porque cada vez aperta mais e o salário diminui. E ainda mais que eu pago um plano de saúde só meu por conta de problemas de saúde. Nesse calorão ainda, que a gente necessita usar o ar-condicionado... tanto é que eu e meu marido só usamos o ar até refrescar o quarto, depois desligamos e aí fica só no ventilador”, narra dona Araci. 

Recomendação para economizar

O coordenador de Grandes Clientes da Energisa Sul-Sudeste, Carlos Eduardo Mariano, pontua algumas recomendações que os consumidores podem seguir para mitigar os gastos associados ao consumo de energia elétrica. Para o coordenador, neste momento de reajuste, é importante que o cliente saiba como ocorre o consumo de energia elétrica em um equipamento. “Você tem duas variáveis: a potência normalmente é dada em watts e o tempo que este equipamento funciona. O cliente pode atuar tanto na redução da potência do equipamento, que é algo mais complicado, porque implicaria em investimentos para substituir o equipamento. Ou atuar no tempo de funcionamento, que é algo que está em nosso alcance. Use aquilo que for essencial e, assim que possível, desligue o equipamento”, recomenda Carlos. 

Sistema de bandeiras

O Sistema de Bandeiras Tarifárias foi criado pela Aneel em 2015 para indicar se a energia custará mais ou menos em função das condições de geração de eletricidade. O sistema apresenta as seguintes bandeiras, que refletem os custos variáveis da geração de energia: verde, amarela e vermelha. 

•    Verde: não há qualquer acréscimo nas contas; as condições para geração de eletricidade são favoráveis; 
•    Amarela: há o acréscimo de R$ 1,87 por 100 kWh; as condições são um pouco menos favoráveis do que na situação anterior; 
•    Vermelha: as condições são amplamente desfavoráveis; no patamar 1, é acrescido R$ 3,97; no patamar 2, o acréscimo é de R$ 9,49 por 100 kWh. 

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