COP30: Soluções Baseadas na Natureza

Em 2015, quando o Acordo de Paris foi assinado, tudo indicava que a cooperação internacional estava a pleno vapor. Hoje estamos vivendo um momento geopolítico complexo, polarização política e negacionismo. Neste cenário, a COP30 é um contexto de desafios sem precedentes. 
O Brasil construiu consensos importantes para a criação de princípios para a bioeconomia, financiamento para as soluções baseadas na natureza e implementação da reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento. A COP29 criou um plano de trabalho Baku-Belém para mobilizar US$ 1,3 trilhão em financiamento climático até 2030. Deste valor, metade deveria vir do setor privado e o mercado de capitais deveria ter papel importante. 
Temos ouvido muito sobre a transição energética. Mas, quando essa agenda chega aqui ao Brasil, grande parte do conteúdo da agenda vem do norte global, onde será necessário investir em renováveis e outras fontes para sair da dependência do carvão, petróleo ou gás. No Brasil, as fontes de energia limpa representam mais de 83% da matriz energética. A maior parte das emissões de CO2 no Brasil vem de mudanças de uso da terra, especialmente o desmatamento (50%), seguido da agropecuária, energia e processos industriais. 
Neste sentido, os investimentos no Brasil deveriam focar em Soluções Baseadas na Natureza, ILFP (Integração Lavoura e Floresta), SAF (Sistemas Agroflorestais), recuperação de terras degradadas, etc. A questão é que os investimentos em Soluções Baseadas na Natureza, em geral, são investimento de em média R$ 100 milhões, com prazos longos (dez a 20 anos) e exigem capital catalítico, afinal a natureza não se regenera no tempo que o mercado deseja. 
As grandes gestoras ou instituições financeiras acabam focando em transações acima de R$ 1 bilhão e, assim, acabam adotando a agenda do norte global, trazendo oportunidades de investimentos em transição energética em vez de transações pequenas em Soluções Baseadas na Natureza. No mercado financeiro, isso é conhecido como o custo da instituição, ou seja, mobilizar uma equipe sênior e cara para transações pequenas não vale a pena.

Fonte:
https://einvestidor.estadao.com.br/colunas/fernanda-camargo/cop30-investimentos-baseadas-na-natureza/
 

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