Coronel Goulart se torna prefeito em 1924

Com a Revolução de 34 chegando, ele cria a Guarda Municipal; Prudente quase foi varrida do mapa com a passagem das tropas

PRUDENTE - OSLAINE SILVA

Data 14/09/2017
Horário 14:05

A primeira eleição! Conforme o historiador Ronaldo Macedo, Francisco Cunha, que era o agrimensor da Vila Marcondes, fala bem sobre isso, contando que foi uma guerra, trincheira na frente da escola, e, em 1922, a turma do coronel Francisco de Paula Goulart ganha a eleição. “Na época, não se elegia prefeito e, sim, vereadores, que escolhiam o prefeito, no caso foi o dentista, o mais velho de todos, Pedro de Melo Machado”, conta. No entanto, coronel José Soares Marcondes entra com uma petição judicial tentando anular o resultado, em janeiro de 1923, quando o município foi instalado. Seus amigos e o juiz, que era amigo de Ataliba Leonel, reconhecem a turma de Marcondes a liderar, ficando, assim, da mesma forma como era com Conceição e Campos Novos: com duas Câmaras.

Até que, em agosto, o juiz eleitoral de São Paulo bate o martelo e diz que quem ganhou a eleição vai ser a Câmara eleita. Se cancela tudo e o município é reinstalado em agosto de 1923, com a Câmara Goulartista. Em 1924, ele se torna prefeito, porque por falta de recursos, Pedro de Melo Machado abandona a Prefeitura, e subindo nessa direção vem vindo a Revolução de 1934. Então, Goulart assume criando a Guarda Municipal, um projeto interessante, porque toda a segurança saiu da cidade rumo a São Paulo ou outra região para defender das tropas que chegavam, praticamente acabando com a cidade.

O prejuízo de Marcondes foi grande. A Companhia Marcondes foi praticamente varrida. Roubaram muito gado, o que não podiam levar, matavam. Goulart, além de ter sua casa transformada em um quartel general, ficou preso em um vagão da Sorocabana, quase foi fuzilado, porque ele era a favor do governador do Estado, contra a revolução.

 

Protegendo-se

Um batalhão, o Ataliba Leonel, é criado pela Companhia Marcondes, que o organiza para defender a cidade, expulsando essa tropa de revolucionários que sobe indo embora para o Mato Grosso. Mas, aí a cidade já estava um verdadeiro caos. “Pouco se fala dessa revolução, que quase acabou com a cidade em 1924, tudo que se produzia foi destruído, o trem parou. Para entender melhor, era um processo. Teve a de 1922. Depois essa, a revolta de Copacabana, de 24, aí vem a de 1930, com Getúlio Vargas”, detalha o historiador. Uma sequência que vem contra o mandonismo do PRP (Partido Republicano Paulista), que eram os barões do café, aquela sucessão Minas x São Paulo, São Paulo x Minas, e ninguém tinha mais acesso ao poder, falsificação de urna, fraude, que era muito séria, e Prudente, que era um caminho para o Mato Grosso, estava bem no meio de todo esse processo.

 

Revolução de 32

A partir de 1925, o poder político fica nas mãos de Marcondes, seu filho Paulo Kruger Soares Marcondes, marido de Jupyra Cunha Marcondes. E daí por diante foi uma sucessão de governos entre os coronéis. Entre 1927 e 1928, eles deram as mãos, houve um congraçamento de forças para eleger o presidente da República, Júlio Prestes, que, por acaso, era compadre de Marcondes. Existia na época uma hierarquia de delegação de poderes, em que todos eram valorizados. Getúlio Vargas acabou com isso. Tito Olívio Brasil assume, por um ano, a Prefeitura em 1930.

O Partido Democrático rompe com Getúlio, depois Luiz Cunha e vem a Revolução de 1932: gente descontente com o governo federal, o PRP, que tinha sido varrida do poder, e o Democrático, que não chegou ao poder, dão às mãos em frente única, em cima de Getúlio Vargas. São Paulo se fecha contra o Brasil inteiro e Prudente, com mais de 1,2 mil homens, está à frente de batalha.

Não à toa, o centro da cidade é em homenagem a este momento: a Praça Nove de Julho, tenente Nicolau Maffei, Felício Tarabay, Casemiro Dias, ou seja, todas as ruas da área central são em homenagem a estes soldados. Ronaldo Macedo conta que as prefeituras viraram sedes de recrutamento. Os heróis prudentinos estão com seus nomes registrados no livro geral da Revolução. “Vale lembrar um morador de rua que esteve no meio destes homens, o Amendoim, que foi um dos melhores soldados de Prudente, e morreu lá”.

Depois disso, tem uma sucessão de prefeitos, como Felício Tarabay, Lauro Queiroz, Miguel Brisolla de Oliveira, que foi o chefe do BCPP (Batalhão Constitucionalista de Presidente Prudente), até que, em 1938, Domingos Leonardo Cerávolo assume, permanecendo por 8 anos no poder.

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