Coronel Marcondes chega a Prudente

PRUDENTE - OSLAINE SILVA

Data 14/09/2017
Horário 13:35

Com a inauguração da estação ferroviária, chega outra figura de destaque neste centenário de Presidente Prudente. O empresário e coronel José Soares Marcondes. Ele, porém, vem com um objetivo diferente, já para lotear 4,7 mil alqueires que pegou em consignação. Sua ideia era pegar uma fazenda com 500 alqueires, reparti-la e vender para produtores de café. Só que, de repente, ele teve uma sacada interessante, daí o povoamento maior daquele lado no primeiro momento, pois, ao invés de vender fazendas, ele fez uma espécie de reforma agrária, negociando pequenos lotes, de 2 a 50 alqueires, para quem tinha poucos recursos.

“E era assim: pagou, tem a escritura na mão. Ou seja, preto no branco. Goulart teve muito problema nesse sentido, de demarcação errada, gente que avançou na terra do outro, consequentemente, problemas jurídicos, deixou de receber terras. E aí temos, de um lado uma vila, a Marcondes, do outro a Goulart”, detalha o historiador Ronaldo Macedo.

Além disso, Marcondes, que não morava em Prudente e, sim, em São Paulo, instalou a Companhia Marcondes de Colonização para administrar tudo, porque “ele não era um mineiro tradicional, mas sim um empresário de visão além”. Não só em Prudente, como nos outros lugares que estendeu seus empreendimentos, como em Presidente Bernardes, no norte do Paraná, entre outros. “Ele fez uma campanha publicitária muito boa no trem, no navio, na Europa, que realmente funcionou”, expõe Ronaldo.

Em um primeiro momento, a Vila Marcondes foi o centro da cidade. Mas, em função dos acidentes geográficos daquela área, como fundos de vale, o avanço territorial ficou limitado. Enquanto que o outro lado era mais plano, e a cidade, já tinha um bairro: a Vila Nova, o primeiro desdobramento do centro.

 

Expandindo

Nos anos 1920, mais dois bairros periféricos são implantados, as vilas Euclides e Industrial. “Notem, enquanto um lado encontra barreiras significativas, o outro vai se expandindo. E, nos anos 30, a Vila Marcondes se torna o primeiro polo industrial da cidade, quando se baixou uma lei proibindo as máquinas de beneficiamento [arroz, café] que poluíam a cidade. Então, foram mandadas para o outro lado da cidade. Tanto que o Matarazzo depois vai para lá também”, destaca Ronaldo. Isso virou uma tradição e a vila passou a ser uma área de processamento, uma vez que Prudente, desde o começo, foi um centro de transformação de produto agrícola com as primeiras indústrias voltadas para este setor.

E quando a população aumenta, as indústrias começam a se sofisticar, e vêm as que produzem bebidas, sabão, curtumes que trabalham na transformação do couro, selarias, sapatarias. Famílias vão se transformando em produtores e transformadores de produtos e a cidade vai absorvendo isso e, de repente, se torna um centro regional e todas as cidades começam a trazer seus produtos para vender. “Se o primeiro momento da cidade, quando os dois coronéis estão no auge político, é a venda de terras, o segundo é este, até os anos 30, quando eles perdem um pouco do espaço com a revolução de Getúlio Vargas, mas seus herdeiros continuam no poder”, pontua o historiador.

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