Como artistas, gestores e ativistas estão respondendo à crise climática em Presidente Prudente
Na última semana, a FCT Unesp de Presidente Prudente foi palco de dois encontros potentes que reuniram artistas, ativistas, gestores públicos, juventudes e comunidade acadêmica para discutir um tema urgente: qual o papel da cultura em tempos de crise climática?
O curso “Cultura em Tempos de Crise Climática” trouxe à tona não só as causas e efeitos do colapso ambiental, mas também algo que muitas vezes fica fora do radar: a dimensão simbólica, afetiva e política dessa crise.
No primeiro dia (28/04), a mesa foi composta por Lucas Pretti (Secretaria Nacional da Juventude), Fernanda Morgani (Conselho Nacional de Políticas Culturais) e o deputado estadual Guilherme Cortez (PSOL). Entre os destaques da noite, falou-se da importância de políticas públicas com participação social, da cultura como ferramenta de mobilização afetiva, e da juventude como protagonista na luta por justiça climática.
Lucas apresentou programas como o Estação Juventude e o ID Jovem, que garantem o acesso de jovens em situação de vulnerabilidade à cultura, ao esporte e à formação profissional. Fernanda destacou que o novo Plano Nacional de Cultura inclui a pauta climática e deve vigorar pelos próximos dez anos, com foco na transversalidade — cultura que conversa com meio ambiente, saúde, economia. Já o deputado Cortez alertou: “não basta colocar um ventilador quando a cidade pega fogo”, ressaltando o despreparo das cidades diante do calor extremo e da falta de água.
No segundo dia (29/04), participaram Ivonete Aparecida Alves, Agbá do Mocambo Nzinga, artista e guardiã de sementes ancestrais; Rafael Onori Ferraz, mobilizador do Greenpeace Brasil; e Pamela Gopi, ativista LGBTQIA+ e estrategista de justiça climática. A conversa foi ainda mais sensível, misturando experiências de base, arte, memória, ancestralidade e política.
Ivonete nos lembrou que as respostas à crise não estão só no futuro, mas também nos saberes do passado: nos quintais, nos terreiros, nos bordados, nos alimentos e nas sementes. Rafael trouxe a importância de se ouvir e engajar as comunidades na construção de políticas ambientais reais. Pamela defendeu a cultura como ferramenta de justiça: “é através da arte que podemos imaginar outro mundo possível, e a imaginação é o que nos move”.
Entre falas, provocações e escutas, ficou claro que a crise climática não se resolve apenas com dados e relatórios — ela exige transformação emocional, ética e coletiva. E a cultura, com sua capacidade de mover corações e comunidades, é parte da solução.
Mas o curso ainda não acabou
O terceiro encontro acontece em 6 de maio, com o tema Indicadores Culturais. A aula será conduzida pelo Prof. Dr. Alexandre Almeida Barbalho (Universidade Estadual do Ceará), especialista em políticas culturais, que abordará o papel do gestor, o planejamento estratégico e o uso de indicadores na formulação e avaliação de políticas públicas.
Referências sugeridas
IMPARCIAL. Projeta Cine promove curso gratuito em Prudente sobre ‘Cultura em Tempos de Crise Climática’. O Imparcial, 27 abr. 2025. Disponível em: https://www.imparcial.com.br/noticias/-projeta-cine-promove-curso-gratuito-em-prudente-sobre-cultura-em-tempos-de-crise-climatica,72436. Acesso em: 30 abr. 2025.
BRASIL. Secretaria-Geral da Presidência da República. Estação Juventude. Disponível em: https://www.gov.br/secretariageral/pt-br/juventude/estacaojuventude. Acesso em: 30 abr. 2025.
BRASIL. Secretaria-Geral da Presidência da República. ID Jovem. Disponível em: https://www.gov.br/secretariageral/pt-br/juventude/idjovem. Acesso em: 30 abr. 2025