Na manhã de ontem, o ator Gabriel Vieira deu vida à Carlos Gomes, alfaiate quando criança
Há dois meses filmando curtas-metragens da série "
Brincando e Aprendendo com Ruas, Becos, Avenidas & Alamedas", que retratam personalidades que deram seus nomes a ruas ou praças de diversas cidades brasileiras, ontem foi a vez de Presidente Prudente ser registrada, pelo diretor Vicentini Gomez.
De acordo com ele, a proposta dos oito curtas, de oito minutos cada, é
mostrar em primeiro momento a responsabilidade social que as pessoas devem ter, enquanto cidadãos. Como por exemplo, a obrigação de todos em manter as ruas limpas; o cuidado em não deixar o cachorrinho amarrado a um poste enquanto a dona vai ao cabeleireiro, ou à academia; e que os espaços destinados às pessoas com deficiências sejam respeitados; entre outros.
Além disso, busca com os filmes, tornar conhecidos os homens que fizeram parte e foram importantes para a história do Brasil de alguma forma. Ou seja, apresentar aos moradores da cidade, a vida desses personagens, desde que nasceram até sua morte.
Como é o caso de Cerqueira César: "Ele foi um dos maiores mecenas das artes que o País já teve. Até hoje eu não me recordo de uma paralisação maior do que quando ele morreu", menciona Gomez.
Para a primeira gravação de ontem, foi escolhida como cenário a alfaiataria de Silvio Ulian, 80 anos, localizada na Rua Quintino Bocaiúva, na Vila Marcondes. Isso porque o ator mirim Gabriel Vieira, 11 anos, interpretou o compositor Antonio Carlos Gomes quando criança. Nessa época, ele alternava a arte musical com trabalhos em uma alfaiataria costurando calças e paletós. Na parte da tarde, a filmagem teve como ator, Denilson Biguete, que representou o poeta Olavo Bilac.
Segundo Gomez, que também é ator e cineasta, quem narra a história é a própria placa de rua, que ganha vida em animação e se chama Plaquita. Cada vez que alguém fizer algo errado e ela ver, se irritará e chamará atenção para aquilo.
Ele enfatiza que
projeto - que faz parte de um processo amplo, contando a história de diversos municípios, desde da fundação até o desenvolvimento - não poderia deixar Presidente Prudente de fora. Uma vez que esta tem evoluído culturalmente de maneira muito especial. "Eu sempre uso uma frase de
Martin Luther King, que explica bem quem realmente faz a arte acontecer: ‘
A salvação do mundo está nas mãos dos criativamente desajustados’
. Acompanho tudo o que o Fábio tem feito. Não precisa falar muito basta conferir", destaca.
Participantes
Na manhã de ontem, o ator Gabriel Vieira estava feliz pelo papel que desempenharia. Ele, que faz curso de teatro com Tiago Cardoso há nove meses, foi pesquisar a respeito de Carlos Gomes, sobre toda a sua vida, desde que nasceu até morrer. "O que me chamou a atenção é que ele desde criança sempre foi envolvido com a arte. Viver sua vida nem que seja por alguns minutos me deixa muito contente. Porque serei visto como um ator de verdade", comemora. Natural de Euclides da Cunha, o jovem ator expõe seu desejo em se tornar um grande ator e concretizar grandes trabalhos.
Para Denílson Biguete, será uma experiência nova, algo que ele nunca fez. "Acredito que só somará na minha carreira como ator. O bom da arte é isso, vivenciar novas experiências sempre", finaliza.
Para o senhor Ulian, dono da alfaiataria, foi uma viagem ao tempo. "É muito bom relembrar tudo aquilo que um dia teve tanto valor. Houve um tempo em que um alfaiate era coisa de luxo e todos o procuravam. Hoje tudo é fabricado em grande escala, industrializado. Recordar é bom. E estou aqui há 51 anos".
Detalhes
Hoje, as gravações serão em Regente Feijó e em Osvaldo Cruz e, na quinta-feira, em Cerqueira César e Itapetininga. "Ao todo, serão 15 cidades, onde estas personalidades viveram ou tiveram notoriedade".
Segundo Gomez, como o adulto já está condicionado a tantos erros, o foco é atingir, chamar a atenção das crianças, por isso a Plaquita cheia de emoção, e com o bordão "eu fico azul de raiva" se manifestará cada vez que ver algo errado.
A
série será distribuída na capital e interior de São Paulo e em TVs educativas e comunitárias, escolas de ensino fundamental, bibliotecas, videotecas, faculdades e universidades do Estado, com lançamento previsto para o fim do ano.
A concepção e a direção do projeto são do próprio ator, com orientação do historiador professor Jonas Soares de Souza, do Museu Paulista da Universidade de São Paulo (USP). A produção é de Leandro Xavier Castro e a animação é assinada por Gilberto e Hugo Caserta. "Algo importante a ressaltar é o patrocínio das Lojas Garbo, mostrando que a preocupação com a educação é dever de todos. Cada um fazendo um pouquinho mais que a sua parte", enfatiza.
Talento Nato
Nascido em Presidente Prudente, Vicentini Gomez conta que o pai, um dos primeiros plantadores de menta da época, levou a família para o Paraná quando ele era ainda muito pequeno. Foi lá, na escola, que ele descobriu que era um apaixonado pelo teatro. Isso aos 7 anos de idade.
De volta a sua terra natal, foi aluno da antiga Escola Estadual Adolpho Arruda Mello. E algum tempo depois, por motivos de trabalho, mais uma vez mudou-se da cidade. Contudo, ele confessa: "Aqui é minha casa. Sempre venho para cá. Nunca me ausentei totalmente. Além de grande parte da minha família morar aqui, tenho muitos amigos", comenta.
Sua carreira artística é bem rica. Nela, estão envolvidos trabalhos como autor, ator e diretor, tanto em TV quanto teatro e cinema. Segundo ele, seus últimos trabalhos devem estar fresquinhos na memória do público ainda, como na Globo a participação como Beto Golden Boy, no humorístico "O Dentista Mascarado"; em "Avenida Brasil" o Serjão, sequestrador da Carminha; com o personagem Paolo Bianchi, em "Cama de Gato"; e na "Malhação", como Dom Cornélio.
Na minissérie "Amazônia", ele deu vida ao personagem do seringalista Coronel Alencar. Na série "Minha Nada Mole Vida", interpretou o português Blota e na minissérie "Um só Coração", foi o escritor Graça Aranha. Os humorísticos "Megaton" e "Zorra Total", além de novelas em outras emissoras, também tiveram a presença do profissional.
Durante 12 anos, ele conseguiu lotar o teatro com a peça "Confidências de um espermatozóide careca". Em 2006, percorreu todo o País com a comédia "506 anos de Besteirol" e, em parceria com Josmar Martins, escreveu a peça "Tal Pai, Tal Filho", com total êxito na temporada no Teatro Sérgio Cardoso, com os atores Carlo Briani e Douglas Aguillar.
