David de Moraes

Sandro Villar

O Espadachim, um cronista a favor dos falcões e contra os falcões do Pentágono

CRÔNICA - Sandro Villar

Data 20/02/2024
Horário 05:30

Presumo que quando o jornalista David de Moraes chegou ao céu, em 14 de janeiro deste ano, o porteiro São Pedro não pensou duas vezes e nem consultou nada para permitir sua entrada no reino de Deus. Nem precisava até porque São Pedro sabia de quem se tratava. Vocês aí, na plateia, pensem num homem bom, correto e íntegro. David de Moraes, que partiu aos 87 anos, era tudo isso e um pouco mais. Sei disso porque convivi e trabalhei com ele na Assessoria de Imprensa da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), empresa administrada pela Prefeitura de São Paulo (dizem que o Itaú tem uma minúscula participação no comando).
Confesso que fiquei surpreso quando o David chegou à sede da Secretaria Municipal de Transportes, que abrigava a CET, o DSV e outros órgãos de trânsito e transporte público. De fala mansa, aquele homem alto logo de cara conquistou os funcionários. Ou servidores municipais. Motivo da surpresa: David foi diretor da Editora Abril e presidente do Sindicato dos Jornalistas (1978-1981) e, de repente, não mais que de repente, como diz o verso de Vinicius de Moraes, ele foi trabalhar no serviço público quando a Luiza Erundina era a prefeita de São Paulo.
David de Moraes era o chefe da Assessoria de Imprensa.  Era pé de boi. Trabalhava mais do que remador do barco do Ben-Hur. Como disse acima, ele conquistou os funcionários e tinha ótimo relacionamento com os jornalistas. Lembro-me que um dia ele fez rasgados elogios ao Lula, deixando claro que, mesmo sendo quem era, aprendia muito com o líder petista. Falava isso abertamente para quem quisesse ouvir. David de Moraes era uma pessoa doce.
Apesar de sua doçura, houve um momento "salgado" entre mim e ele por causa de salário. Para realizar outra tarefa que a Assessoria de Imprensa da Prefeitura me solicitou, eu exigi uma graninha extra. Enfim, uns caraminguás a mais. David estranhou a minha reivindicação e soltou os cachorros: "Você se acha o centro do universo", comentou. Fiquei na minha, não contestei. Eu? Centro do universo? Logo eu um altruísta de carteirinha. Que eu saiba, estamos quase que na periferia da Via Láctea, longe do centro do universo. 
Pensei: "Estou lascado. Ele vai me demitir". Apenas preocupação boba de minha parte. David não era de demitir ninguém e me manteve na equipe. A escaramuça verbal terminou numa boa. David deu um jeito e, com isso, passei a receber uma graninha extra. Aliás, merecidamente. A nossa amizade continuou firme e forte e dele guardo boas recordações. Parafraseando dom Hélder Câmara, David é uma pessoa que carrego no coração.

P.S.: Israel já matou mais de 30 mil palestinos e feriu pelo menos 70 mil. Entre os mortos estão pelo menos 12 mil crianças, mulheres, incluindo grávidas, e velhos. A ONU e a UE não tomam providências contra o serial killer Bibi Cramulhão, que ouviu muitas e más - e não poucas e boas - do Lula. O presidente brasileiro soltou os cachorros contra o genocídio (há outro nome?) e o Cramulhão sionista não gostou. Quer chamar às falas o embaixador brasileiro. Não seria surpresa o rompimento de relações diplomáticas entre os dois países. Vá te catar, Bibi! 

DROPS (homenagem ao bolso)

De grão em grão a galinha enche o papo e o granjeiro enche o bolso.

Filme da semana: "Tarzan pelado com a mão no bolso".
(esta é antiga, hein?)

O desajeitado enfiou a mão no bolso e só sentiu a pele. Estava em um campo de nudismo.

O bolso é a parte mais sensível do corpo humano.
(Delfim Netto, economista)
 

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