De volta das férias e cansada de novo: será que é falta de pão de queijo?    

OPINIÃO - Jaqueline Almeida 

Data 08/08/2025
Horário 05:35

Havia acabado de voltar das últimas férias na fazenda, em Minas Gerais. Quinze dias sem despertador, comendo pão de queijo, doce de leite e sendo acordada diariamente pelos barulhos dos pássaros. Foram dias gostosos e de uma vida mais vagarosa e suave, como ela realmente é por aquelas bandas. 
Voltei renovada, ou pelo menos, era o que eu esperava.
Dois dias depois, me vi no meio de um turbilhão: inúmeras mensagens não lidas no WhatsApp, uma lista de tarefas que parecia se multiplicar sozinha, filhos retomando as aulas, problemas que me aguardavam na empresa, um evento para lançar e uma lista de supermercado que mais parecia de um acampamento. 
Aquela sensação de esgotamento que sentia antes da viagem voltou logo nestes primeiros dias. Me senti exausta, de novo. 
“Será que é falta de vitamina?”, pensei. Veio uma amiga e disse: “Isso é B12 baixa!” Outra sugeriu cristais no bolso e banho de alecrim.
Mas, sinceramente? Eu sabia que não era nada disso. Aquela pausa das férias foi especial, descansou o corpo, aliviou a mente, mas me trouxe algo que em outras viagens não havia sentido: a necessidade de um ponto final. 
Pode ser que a maturidade, as terapias ou o próprio excesso tenham me mostrado isso. Não sei. Mas o que sei é que chegou um momento que percebi que alguns pesos já não são mais meus ou nunca deveriam ter sido. 
Aquele papo romântico do excesso de atividades, a necessidade de ter milhões de pratinhos para equilibrar e o tal movimento Girl Power, no fundo tem soado dentro de mim como um verdadeiro excesso, uma verdadeira chatice, para ser bem sincera. 
Entendi que quero viver no ritmo daquilo que faz sentido, com menos pressa, menos volume, mais presença e mais valor. 
Quero parar tudo e ir tomar um café comigo mesma, sem pressa e sem culpa pelo enorme bolo de cenoura com calda de chocolate que eu pedi. Ou tomar mais cafés com aquela amiga que quando encontra surgem três, quatro assuntos ao mesmo tempo e mesmo depois de quatro horas de conversa ainda falta muito para se falar. 
A verdade é que, pela primeira vez, não me sinto fraca por querer menos. Sinto que a leveza não vem do que a gente conquista, mas do que a gente tem coragem de deixar para lá. Aquela amizade que não faz mais sentido, o projeto mirabolante que não brilha os olhos, a necessidade de perfeição em tudo, tudo isso, não faz mais sentido e o que realmente importa é viver com mais vagareza, mais tranquilidade e mais pão de queijo, como a vida lá na fazenda, porque viver dieta também chegou no seu ponto final.
 

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