Deixem as mães reborn em paz

Roberto Mancuzo

CRÔNICA - Roberto Mancuzo

Data 20/05/2025
Horário 05:30

O julgamento é rápido. Basta olhar para uma mulher carregando uma boneca reborn no colo, acariciando seus cabelos de silicone como se fossem reais, que aparece a frase: “Louca. Precisa de um psiquiatra”. 

Mas será que é esse o caso mesmo ou talvez que o que essa pessoa precise, na verdade, é apenas de paz?

Tenho visto muitas reportagens sobre bebês reborn, e estou bem convencido de que a verdade é que como de perto, ninguém é normal, todos temos nossas pequenas (ou grandes) obsessões, maneiras peculiares de lidar com a dor, com a solidão, com o desejo. 

Uns colecionam objetos, outros vivem em mundos virtuais, alguns se apegam a rituais inexplicáveis e eu e você sabemos lá no fundo que isso é verdade. 

E por que, então, quando uma mulher encontra tranquilidade em um bebê reborn, o mundo decide tratá-la como se fosse a única que perdeu o contato com a realidade?  

Claro, há casos extremos, como casos recentes de mães que quiseram atendimento médico ou até batizar seus bebês. Caso sejam reais mesmo e não fakes de internet, são de fato pessoas que passaram a linha entre a ficção e a realidade. 

Mas penso que a grande maioria das mães de reborn sabe muito bem que a boneca não é um bebê de verdade e usam estes brinquedos talvez para trabalhar suas emoções. 

Eu não sou psicólogo e não dou conta de cravar o que acontece, se é um luto não vivido, uma maternidade não concretizada, o prazer de cuidar ou só passatempo mesmo. 

O fato é que me parece que entre ser incapaz de conviver com o que foge do padrão e o medo de também sermos expostos em nossas loucuras, optamos por ridicularizar quem ousa ser diferente e isso precisa parar.

Que tal, então, em vez de diagnosticar loucura, oferecer compreensão? Ou, no mínimo, silêncio. Porque no fim das contas, cada um carrega seus reborns particulares — sejam eles bonecas, vícios, manias ou sonhos impossíveis. E a única coisa que realmente precisamos, todos nós, é de um pouco mais de paz para ser quem somos.  

Seja gentil com as pessoas. Cada uma delas carrega batalhas que você sequer sonha em saber! Assim como você!
 

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