Desenvolvimento econômico regional deixa de acompanhar avanço da cana-de-açúcar

Mesmo impulsionando PIB da agricultura, impacto do setor sucroalcooleiro na qualidade de vida “não é significativo"

PRUDENTE - MARIANE GASPARETO

Data 05/02/2017
Horário 11:07
 

Um estudo realizado pela pesquisadora Cíntia Ramos Lopes Evangelista, que analisou o setor sucroalcooleiro em 26 cidades do Pontal do Paranapanema, identificou que o crescimento econômico do segmento não vem acompanhando o desenvolvimento econômico nos últimos 13 anos.

A dissertação de mestrado "Indicadores econômicos e sociais na UGRHI-22, no período de 2004 a 2016: Os efeitos da expansão da cana-de-açúcar", que teve orientação da professora doutora Alba Arana, foi apresentada em dezembro na Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), em Presidente Prudente, concedendo o título de mestre à pesquisadora.

Jornal O Imparcial Avanço da cana foi equivalente a 408% nos últimos 13 anos, enquanto IDHM manteve-se estável em boa parte dos anos analisados

O principal indicador da constatação da pesquisa está no IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal), na 22ª Unidade de Gestão de Recursos Hídricos. Isso porque ele apresenta o mesmo comportamento em diferentes períodos no cenário econômico da região estudada, o que significa que ele evoluiu na mesma proporção em diferentes períodos em que havia diferentes níveis de cultivo da cana-de-açúcar, indicando que não existe correlação entre o avanço da cana-de-açúcar e o indicador.

O crescimento econômico é a elevação na produção de uma região estudada, ou seja, o aumento do PIB (Produto Interno Bruto), calculado através da soma de todos os produtos e serviços finais para um determinado período. Já o conceito de desenvolvimento econômico está relacionado à melhoria do bem-estar da população e envolve outros componentes, como a renda per capita, educação e longevidade.

A autora do estudo levou em consideração dados de 2004 a 2016, diante do avanço da ocupação territorial do oeste paulista com o cultivo da cana-de-açúcar. Os indicadores levantados para a análise do crescimento econômico foram: o PIB total e PIB agro (do setor da agropecuária), e para o desenvolvimento utilizou-se o IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) e IPRS (Índice Paulista de Reponsabilidade Social).

Após a aplicação das técnicas de estatística de comparação múltipla e da correlação linear de Pearson, constatou-se um avanço no cultivo da cana-de-açúcar de 408%, enquanto o IDHM manteve se estável em boa parte dos anos analisados. Em 2008, 2010 e 2012 houve uma relação negativa entre o PIB total e o IPRS, o que indicou que o crescimento da economia do setor não influenciou também no aperfeiçoamento do bem-estar da população.

 

Pujança do setor

A pesquisa aponta que atualmente o Brasil ocupa posição privilegiada e mundialmente reconhecida na produção do etanol, além de ser considerado referência na produção de cana-de-açúcar, conforme informações do IEA (Instituto de Economia Agrícola) de 2016.

A maior concentração do cultivo da cana-de-açúcar está localizada no Estado de São Paulo, com área plantada equivalente a 53% em relação ao total da área plantada no país, de acordo com a Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar).

"A expressividade do setor no Estado de São Paulo apresenta influências em relação à expansão do cultivo da cana-de-açúcar no oeste paulista, destacando-se os 26 municípios pertencentes à UGRHI-22, onde se identificou o avanço do cultivo da cana-de-açúcar", expõe Cíntia em sua dissertação.

 
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