Despejo irregular de esgoto afasta banhistas há 25 anos

“Na época, Prudente era menor e não existia a Cohab ainda, a cidade acabava ali no Prudenshopping", relata.

PRUDENTE - Mariane Gaspareto

Data 01/05/2015
Horário 11:46
 

O Balneário da Amizade deixou de ser frequentado por banhistas há cerca de 25 anos, conforme informações do secretário municipal de Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Habitação, Laércio Batista de Alcântara. Construído em 1978, sua água ficou imprópria para o uso na década de 90 por conta do despejo irregular de esgotos clandestinos, segundo Alcântara. "Desde então, ele deixou de ser utilizado pelos banhistas", diz.

A represa do balneário, de 379.271 m² e volume total de 2.066.000 m³, é localizada na divisa entre Álvares Machado e Presidente Prudente, no perímetro urbano e no eixo de expansão urbana das cidades. O balneário está inserido na bacia do alto curso do Córrego do Limoeiro, que por sua vez encontra-se na bacia hidrográfica do Rio Santo Anastácio. Segundo o secretário, o balneário tem este nome justamente por estar entre duas cidades. "Na época, Prudente era menor e não existia a Cohab ainda, a cidade acabava ali no Prudenshopping", relata.

No início, a estrada que levava à represa era de terra e, segundo Alcântara, a população frequentava sempre o local por não ter outras opções de lazer, e pela liberação da pesca. Uma revitalização chegou a ser promovida no espaço, com a construção de tobogãs, mas logo as benfeitorias foram depredadas. "Com o desuso do balneário ele ficou abandonado, virou ponto de drogas e o que tinha lá o pessoal levou. Era longe, não havia acessibilidade para chegar lá, e por isso, em 2009, a atual gestão decidiu revitalizá-lo", diz.

 

Estudo

O estudo "Planejamento Ambiental da Bacia do Balneário da Amizade nos Municípios de Álvares Machado e Presidente Prudente", dos pesquisadores Antonio Cezar Leal e Fernanda Bomfim Soares, da FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista), expõe que a bacia do balneário é a terceira opção da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) para a captação e abastecimento de água em Prudente, em período de seca, de modo que já precisou ser utilizado em época de estiagem, na década de 80, antes da construção da adutora do Rio do Peixe.

Na época da realização do estudo, a represa artificial apresentava um cenário de "degradação ambiental e precárias ações políticas, sem infraestrutura para atividades de lazer, com a qualidade da água comprometida, descartes de resíduos sólidos, de construção e demolição, além de despejo de esgoto", expõem os pesquisadores. Para eles, seria fundamental cuidar das nascentes e dos córregos que compõem a rede hídrica que alimenta o manancial do Balneário da Amizade, visando melhorar a qualidade e quantidade da água.


BALNEABILIDADE


Em fevereiro deste ano, as águas do Balneário da Amizade foram consideradas próprias para o uso dos banhistas pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). O procedimento realizado segue a Resolução 274 do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), a qual determina que as amostras sejam coletadas durante cinco semanas consecutivas, e indica os níveis de coliformes fecais e bactérias que classificam a água como imprópria ou própria.  Segundo a resolução, as águas próprias podem ser definidas como "excelentes, muito boas ou satisfatórias", e as do balneário foram consideradas "excelentes". O teste de balneabilidade precisou ser realizado duas vezes, visto que primeira série de coletas teve início ainda em 2014, mas as amostras sofreram alterações pelos temporais atípicos ocorridos em duas coletas.

 

 
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