Não se enganem jovens leitores: depois que se tornarem adultos, o mês de dezembro os colocarão em uma bela montanha russa de sensações.
Ô mês nervoso! E este agora, de 2022, ainda teve Copa do Mundo, que é para destruir qualquer pretensão de ficar em paz com o emocional.
Tá! Tudo bem que é um mês que para muitos precede as férias, é Natal, têm presentes, amigos e família reunidos, para uns muita comida, para outros o suficiente. É um mês que puxa nossas memórias e a gente ama lembrar de bons tempos vividos.
Desde muito pequeninhos somos levados a uma narrativa bem bonita do mês de dezembro, em especial para a chance de vivermos todas as alegrias e fantasias do Natal.
E como cada um tem suas próprias experiências, eu sempre curti um detalhe em especial do Natal em minha casa: o cheiro. Engraçado, né? Mas especialmente nos dias de véspera e mais ainda no dia 24. O aroma das carnes assadas, a mãe na cozinha picando, regando, puxando o papel alumínio, dando um tiquinho de carne escondida pra gente, o pai correndo com as compras das coisas que a mãe tinha esquecido...
E ainda tinha a molecada correndo, os primos, amigos, poder se arrumar para ir à casa de alguém, tinha missa antes, a expectativa dos presentes, dormir tarde brincando... Tudo muito bom e saudável. Vai ver é isso que a publicidade nos empurra como sendo uma vida feliz, de amor e prosperidade. Se for, eu vivi e vivo até hoje.
Só que hoje, aos 47 bem contados, os dias 24 e 25 continuam sendo perfeitos, mas até chegar lá... E tem o fechamento do semestre, os trabalhos atrasados, a chatice de alguns, a amarração de bode de outros. Chegou o 13º!. Acabou o 13º!
O trânsito é infernal, os anúncios horríveis, as filas, a gritaria, os grupos de Zap da família fervendo porque querem um e o outro não, o amigo secreto virtual que não funciona, e tem que ir naquela festa da firma e dá-lhe comprar presente para isso, para aquilo e para tudo mais. E olha que o 13º já acabou 52 palavras atrás.
Ufa... Será que com meus pais era assim também? Provavelmente. E vai mudar? Provavelmente não, mas quer saber? Deixa assim mesmo.
Este é o segundo Natal que passarei sem meus filhos. Vida adulta, real e oficial que chama, né? Enquanto as mídias cantam paz e amor, a gente vive mesmo é a vida que pode, que consegue e que conquista. É a vida que precisamos construir após as grandes ou as pequenas derrotas. Nada de derrotismo ou vitimismo. Apenas a dose exata do que é ser alguém neste mundo e alguém consciente de si, dono do meu barco e da fé em um bom destino.
E no fundo, talvez o maior presente de Natal para todos nós seja este: o beijo que dei em meu guri e em minha guria hoje e o feliz Natal que ganhei de volta me animam e me dão a certeza de que dezembro até tenta, mas ele não é capaz de superar o amor que temos um pelos outros. E pela família. E pelos amigos. E pela vida! Feliz Natal!