Diferentes formas de amar

OPINIÃO - Raul Borges Guimarães

Data 08/01/2023
Horário 04:30

Em poucos dias me aproximo em passos largos da minha transformação em um sexagenário. A sensação é de que o tempo é cada vez mais curto, mas a vida não deixa de ampliar as diferentes formas de amar. Olhar para o outro. Sorrir. Simplesmente ouvir e sentir. Ficar em silêncio. Ir embora e não olhar para trás.     
Quando jovem busquei algum sentido nas vozes dos grandes escritores. Lembro-me do impacto provocado pelo romance “Amar, verbo intransitivo” de autoria de Mário de Andrade e as aventuras sexuais de um adolescente com uma mulher madura. Outra obra marcante foi “O combate sexual da juventude” de Wilhelm Reich, inseparável de seu contexto histórico no movimento operário alemão da década de 1930. Depois vieram os filmes. O “Último tango em Paris”, dirigido por Bernardo Bertolucci e os maravilhosos Marlon Brandon e Maria Schneider. Mas também “O Império dos sentidos” de Nagisa Oshima, e “O amor nos tempos do cólera” (baseado no livro do escritor colombiano Gabriel García Márquez, publicado em 1985).
Talvez não exista nenhuma forma melhor de amor do que a expressão musical. A música como idioma dos sentimentos. A começar pelas cantigas trovadorescas ou provençais, os fados com suas guitarras portuguesas ou as músicas românticas de Elvis Presley (“I love him so”, “Can't Help Falling In Love”, “Love me tender”, dentre muitas outras!). E as deliciosas músicas pop da Rita Lee, como “Baila comigo”, “Beija-me amor”, “Agora só falta você” e muito mais...
Na verdade ninguém sabe dizer exatamente o que é amar. A gente vai levando a vida. Tem hora que nada mais faz sentido. Outras vezes o amor é tão arrebatador, que sufoca e mata. É também passageiro, “eterno enquanto dura”. Vêm as filhas. Casamento muito jovem. Crises e acertos conjugais. Separações e descaminhos. Novas experiências amorosas. Muitos netos para testar a resistência e a capacidade de reinventar o amor. Amigos que se foram. Amigos que se transformaram em diversas formas de amar. E daí a Vela cruza o meu caminho. Olha. Sorri. Entra, gosta e fica. Somos feitos um para o outro. 
Eu, um ponto de interrogação. Ela, um ponto de exclamação. 
Eu, uma vela acesa. Ela, água corrente.
Eu, um sol que nasce e morre. Ela, estrelas no céu.
Eu, poesia. Ela, rosa. 
 

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