A saúde pública é um direito garantido pela Constituição. Mas, como todo direito, exige também um dever: o da responsabilidade coletiva. A recente divulgação da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) de Presidente Prudente sobre a taxa de absenteísmo no primeiro quadrimestre de 2025 chama a atenção para um problema que não é novo, mas que persiste e custa caro. Com 2.276 agendamentos e 353 ausências não justificadas, a rede municipal registrou uma taxa de 15,5% de faltas em consultas e atendimentos.
À primeira vista, pode parecer um número inofensivo. Mas, na prática, isso significa que mais de uma em cada dez consultas marcadas deixa de ser aproveitada. E pior: sem tempo hábil para realocar os horários, outras pessoas, que muitas vezes aguardam por semanas ou meses, acabam privadas de um atendimento essencial. O impacto recai sobre o sistema como um todo, gerando atrasos, desperdício de recursos e sobrecarga nas equipes de saúde.
A ausência sem aviso não é apenas uma questão de desorganização pessoal. É uma atitude que compromete o direito de outro cidadão. Em tempos em que tanto se discute a melhoria da gestão pública, é preciso também discutir o papel do usuário como peça fundamental no bom funcionamento dos serviços.
Responsabilidade, nesse contexto, não é apenas comparecer ao que se marca. É reconhecer que saúde pública é feita por todos: gestores, profissionais e, principalmente, pela população. Informar com antecedência a impossibilidade de comparecer, desmarcar a consulta, reorganizar horários, são atitudes simples, mas que salvam tempo, recursos e até vidas.
Cabe à gestão continuar buscando melhorias na comunicação com os pacientes, criando sistemas mais eficientes de lembrete e reagendamento. Mas cabe também a cada cidadão entender que ocupar um horário no SUS (Sistema Único de Saúde) é assumir um compromisso com o coletivo.
Se queremos um sistema de saúde mais justo e eficiente, é preciso que cada um faça a sua parte. Porque responsabilidade também é um ato de cuidado: com o outro e com o bem comum.