Por determinação da Justiça, a diretora administrativa da Santa Casa de Misericórdia de Presidente Venceslau, Valdirene Ferreira Penteado Aldá, foi afastada ontem de seu cargo. A medida atendeu a um pedido da Polícia Civil, que investiga a participação de Valdirene em uma fraude que resultou em prejuízo de pelo menos R$ 500 mil à instituição. A apuração faz parte da terceira fase da Operação Sanctorum, que culminou no afastamento do ex-provedor Antonio José Aldrighi dos Santos, em junho. No domingo, o hospital elegeu os membros do Conselho Deliberativo e da Diretoria Executiva, bem como a provedoria, para o próximo biênio 2017/18. O advogado Reginaldo Beraldo Almeida assume a partir de janeiro como novo provedor.
Reginaldo assume em janeiro
Como noticiado neste diário, o pedido de afastamento de Valdirene foi protocolado pela Polícia Civil na sexta-feira. A solicitação, conforme o delegado responsável pelo caso, em Venceslau, Everson Aparecido Contelli, é um dos desdobramentos da operação, já que, em junho, quando foi deflagrada, a "direção da santa casa optou por manter no cargo a investigada". Segundo a autoridade policial, os autos apontam que Valdirene foi indicada pela direção do hospital para produzir respostas de todas as requisições de informações às autoridades em que ela mesma é a investigada, o que passou a dificultar as investigações policiais.
Responsável pelos projetos da santa casa, Thiago Ramos destaca que, com o afastamento da diretora administrativa, os membros da Diretoria Executiva eleitos para o próximo biênio devem se reunir com os atuais para definir se o cargo da investigada deverá ou não ser preenchido por outro profissional. Procurada na tarde de ontem para comentar o caso, Valdirene não se manifestou até o fechamento desta edição.
Em junho, Antonio José foi afastado do cargo em decorrência de uma medida cautelar, cumprida durante a Operação Sanctorum. A ação também levou à prisão de operadores de um suposto desvio de verbas parlamentares destinadas a recuperar as santas casas e ocorreu simultaneamente em três Estados (São Paulo, Mato Grosso e Goiás), recolhendo provas sobre um esquema que pode ter desviado aproximadamente R$ 20 milhões somente no interior paulista. Os líderes da organização foram presos em Cuiabá (MT) pela Polícia Civil paulista e outras prisões ocorreram em Presidente Prudente e também em Aparecida de Goiânia (GO). Ainda foram realizadas diligências por policiais civis em Carapicuíba (SP) e Goiânia (GO), sedes das empresas que seriam "fantasmas" e registradas em nome de "laranjas".
Nova administração
Reginaldo, que já atua como advogado da santa casa desde abril, relata que não tem conhecimento de todos os fatos que envolvem a Operação Sanctorum e a investigação em torno do hospital, e alega que a apuração cabe à Polícia Judiciária e ao MPE (Ministério Público Estadual). No entanto, afirma que sua prioridade será a luta por mais investimentos na instituição de saúde. "Pretendo fazer uma administração transparente, buscar recursos financeiros junto a deputados federais e estaduais para equilibrar as contas da santa casa", declara.
