O início de um novo ano letivo simboliza um momento de renovação, expectativas e recomeços, mas para o estudante de licenciatura que está prestes a ingressar na carreira docente, esse período adquire um significado ainda mais profundo. Deixar de ser aluno para se tornar professor é atravessar uma fronteira simbólica que marca o início de uma nova identidade profissional, construída entre o ideal aprendido na formação e a realidade concreta da escola.
Esse processo exige coragem, sensibilidade e maturidade, pois o novo professor passa a vivenciar, na prática, tudo aquilo que antes era objeto de estudo teórico — o planejamento das aulas, a gestão da sala, o acolhimento dos alunos, o enfrentamento de desafios cotidianos e a construção de vínculos educativos. Cada nova turma representa um universo de possibilidades, e cada aula é uma oportunidade de consolidar saberes, desenvolver competências e reafirmar o compromisso com uma educação transformadora.
É também um período de descobertas, em que o educador iniciante percebe que ensinar é, antes de tudo, aprender — aprender a lidar com as diferenças, com o tempo, com as emoções e com a diversidade das experiências humanas. Ao deixar de ser estudante e tornar-se professor, o indivíduo assume um papel social de grande responsabilidade. Passa a ser referência para seus alunos e parte ativa na construção de uma educação significativa e transformadora. Essa nova identidade requer autonomia intelectual, domínio técnico e sensibilidade humana.
Para Tardif (2002), os saberes docentes são múltiplos e se constroem na prática, a partir da interação entre o conhecimento científico e o cotidiano escolar. Assim, o professor iniciante precisa compreender que ensinar é também aprender — e que o erro, a dúvida e a reflexão fazem parte do desenvolvimento profissional.
O novo ano letivo, portanto, não marca apenas o início de um calendário escolar, mas o início simbólico de uma nova etapa na vida do professor: a de transformar o conhecimento em ação, e a teoria em experiência viva. O novo ano letivo, portanto, não é apenas a continuidade do calendário escolar, mas o início de um ciclo de amadurecimento profissional e pessoal, no qual o pedagogo passa a se reconhecer como agente de mudança, responsável por inspirar, orientar e contribuir para o desenvolvimento integral de seus alunos.
Nesse contexto, teoria e prática se entrelaçam em um movimento contínuo de reflexão e ação, fortalecendo a autonomia docente e a consciência crítica necessária para enfrentar os desafios da educação contemporânea. Assim, cabe a velha e boa pergunta, o que é ser professor? Ser professor é compreender que a formação não se encerra com o diploma, mas se renova a cada dia em sala de aula, nas relações construídas, nas aprendizagens compartilhadas e na certeza de que educar é um ato de esperança e compromisso com o futuro.