Docentes e servidores decretam greve hoje

Medida poderá afetar atividades de 12 cursos da FCT/Unesp, atingindo 2.886 alunos de graduação e 432 funcionários

PRUDENTE - Flávio Veras

Data 22/05/2014
Horário 07:55
 

 

Professores e servidores administrativos e de prestação de serviços da FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista) de Presidente Prudente decretam greve a partir de hoje. No entanto, segundo representantes das categorias, na segunda-feira será realizada uma nova reunião, que terá o objetivo de explicar para os demais funcionários os motivos da paralisação. A medida poderá afetar as atividades de 12 cursos, atingindo 2.886 alunos de graduação, 453 discentes de pós-graduação, além de 432 funcionários.

Jornal O Imparcial Encontro ontem reuniu corpo docente, servidores e alunos

A decisão ocorreu após uma assembleia realizada na tarde de ontem em um dos auditórios do campus da universidade. O movimento, que reuniu o corpo docente, funcionários e alunos, faz parte da campanha que envolve trabalhadores das universidades estaduais de São Paulo, que reivindicam melhores salários, condições de trabalho e aumento no repasse orçamentário estadual para as instituições.

Segundo o professor-doutor e presidente da Adunesp (Associação dos Docentes da Unesp), Ricardo Pires de Paula, após a reunião foi formada uma comissão, composta por 45 pessoas que participaram da reunião. O objetivo é mobilizar o maior número de funcionários para aderirem ao movimento.

Durante a assembleia, o auditório ficou lotado. Nas portas e janelas foram afixados cartazes onde expressavam as reivindicações das categorias. Segundo Pires de Paula, os servidores reivindicam um reajuste salarial de 3%, reposições inflacionárias e aumento no quadro de funcionários. Além disso, o professor argumenta que apesar da faculdade ter tido um salto no número de estudantes, dos projetos de pesquisas e extensão nos últimos, o repasse de verbas continua o mesmo desde quando as estruturas delas eram menores. "Desde a década de 90, as universidades recebem 9,56% do que é arrecadado do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Porém, há muito tempo esse valor é insuficiente, pois o governo não faz o rapasse integral da verba devido a alguns descontos aplicados antes do envio do montante", expõe. "Portanto, para equilibrar essa perda propomos que o percentual passe a ser de 11,06%. Acreditamos que, assim, as universidades poderão prosseguir ampliando os projetos educacionais, como vem ocorrendo nos últimos anos", explica.

Além disso, o professor afirma que a medida foi adotada após uma reunião, que envolveu os reitores das três universidades paulistas, Unesp (Universidade Estadual Paulista), Unicamp (Universidade de Campinas) e a USP (Universidade de São Paulo), representantes dos sindicatos dos trabalhadores das universidades, bem como representantes do corpo docente, que não chegaram a um acordo a respeito das reivindicações das categorias. "Como os reitores foram desfavoráveis às nossas propostas, resolvemos fazer essa luta sozinhos. Nós rompemos o diálogo com eles e queremos parar nossas atividades até que o governo atenda nossas reivindicações", ressalta.

 

Estudantes


Para a estudante do curso de Educação Física, Caroline Galon de Souza Pereira, 19, os trabalhadores da universidade têm o direito de reivindicar salários e condições de trabalho melhores. "Eu entendo que caso as condições proposta pelos setores sejam aceitas, nós, os alunos, seremos beneficiados. Pois, a motivação deles reflete diretamente na qualidade do ensino aplicado nos Campi", ressalta.

Em contrapartida, o colega de disciplina de Pereira, João Marcelo Neabas, 19, acredita que a paralisação das atividades vai prejudicar muitos alunos, principalmente aqueles que pertencem ao grupo no qual tem famílias que residem fora de Prudente, assim como ele. "Durante esse período sem aulas não podermos ir para as nossas cidades de origem, pois temos projetos de extensão que não podem ser paralisados. Portanto, nossas férias de julho, que seria um período ideal para descanso, serão ocupadas com reposições de aulas", diz.

 

Outro lado


O Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) emitiu uma nota após a reunião, na qual expôs que, "com a confirmação da arrecadação efetiva do ICMS de abril, os níveis de comprometimento do orçamento com a folha de pagamento passaram a ser 95,42% na Unesp, 97,33% na Unicamp e 105,33% na USP, o que levou o órgão a prorrogar a discussão da data-base para setembro ou outubro deste ano". "No entanto, consciente da importância de manter o poder aquisitivo dos salários e, ao mesmo tempo, preservar o necessário equilíbrio financeiro das três universidades, o Creusp agendou com o fórum das seis reuniões mensais de acompanhamento da arrecadação do imposto para avaliar a situação orçamentário-financeira", informa.
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