Dona de casa transforma coador de café em arte

Vanda Lucia Palmiro, de Anhumas, começou a desenvolver trabalhos como terapia ocupacional, para se curar de uma depressão

VARIEDADES - Oslaine Silva

Data 16/07/2016
Horário 10:31
 

É incrível ver como tudo pode ser transformado em arte pelas mãos de quem tem sensibilidade! E saber que por meio dela, doenças podem ser curadas, ou pelo menos amenizadas. A artesã de Anhumas, Vanda Lucia Palmiro, 49 anos, é um bom exemplo. Ao invés de jogar no lixo, após o preparo daquele cafezinho, amigo de todos os dias, ela "renova" várias peças, como portas, mesas, entre outros artigos, com coador de café de papel. Segundo a dona de casa, ela começou a desenvolver os trabalhos como terapia ocupacional, para se curar de uma "terrível depressão".

Jornal O Imparcial Ao som de uma música alegre, artesã renova diferentes artigos, como portas e mesas

Para saber um pouco mais sobre o trabalho que a dona Vanda desenvolve, a reportagem bateu um papo com ela, que com suavidade na voz, e ao mesmo tempo evidenciando a dor da perda, nos contou que estava a ponto de fazer alguma besteira, por conta de não aceitar a morte de sua amada irmã. "Ela era tudo para mim. E há oito anos a perdi! A terapia ocupacional foi recomendação médica. Apesar dessa dor não passar nunca, meu estado emocional melhorou muito com a arte!", exclama.

A psicóloga Ieda Benedetti confirma que a arte tem esse poder. Ela explica que, essencialmente a arte pode ajudar no tratamento da depressão porque a doença empobrece os sentidos, há um déficit de subjetivação, os valores mais afetivos e a alma ficam empobrecidos. "A arte é enriquecedora, resgata sentidos, ela pode dar novos tons a uma vida que foi se tornando preta e branca. A gente costuma dizer que o ser depressivo fica em preto e branco. Tudo fica sombrio, a música fica sem tons, as cores sem nuances... e a arte vai reconstruindo os sentidos subjetivos", afirma a psicóloga.

 

Produção


Dona Vanda conta que a primeira peça que restaurou foi a porta de sua sala. "Devido à exposição à água de muito tempo, a porta estava descascando. Chamei um marceneiro para ver e ele disse que não tinha como arrumar porque não era de madeira maciça, mas que trabalhos de restauração poderiam dar certo. Então fui procurar na internet e descobri essa técnica", expõe a artesã.

Depois disso, outras peças foram surgindo. "Fiz uma mesa com bobina, coloquei pés com rodinhas. Uma cantoneira, armarinho de cozinha, uma bandeja, barricas de tinta, caixas de presentes, entre outros objetos. O processo é fácil. Após coar o café, retiro o pó e deixo o coador secar. Depois de seco, vou rasgando, passo cola diluída em água . E o acabamento, depois da secagem passo um verniz próprio à prova de água. Eu uso o natural, mas ai, vai do gosto da pessoa", explica dona Vanda.

A artesã que diz nunca fez uma exposição, também produz para a venda, onde o preço varia, dependendo do tamanho e da dificuldade de trabalho.

 

Distração e bem estar


Além da arte com coador, a dona de casa ainda borda chinelos e os vende por um preço entre R$ 5 a R$ 80 e, aceita encomendas também de cachecol de braço (feito sem agulhas), que sai de R$ 35 a R$ 60.

"Essa técnica deixa o cachecol com a estrutura parecida com a de uma rede. Tenho uma lã de algodão que, inclusive, dá para usar no verão. Quando vou fazer qualquer uma dessas coisas, tenho a sensação de liberdade. Coloco uma música alegre e começo a criar essas coisas bonitas. O cachecol comecei fazendo na época que meu filho estudava.  Enquanto o esperava voltar da faculdade, me distraía com as lãs", comenta dona Vanda.

 

serviço

AOS INTERESSADOS


Quem quiser conhecer o trabalho da dona Vanda, as peças ficam em sua sua casa. Para obter mais informações, o telefone dela é o (18) 3286-1126.
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