“Doutor, o senhor pode ir ver meu pai em casa? Não estou gostando do ‘jeito’ dele. Está muito caidinho. Ele não é assim!” Foi assim que a filha de um paciente, que eu atendia há vários meses, me contactou.
Era cego desde a infância, tinha uma grave insuficiência respiratória, inclusive era mantido com oxigênio contínuo, e apesar destes infortúnios, sempre era muito alegre e brincalhão; mas não foi assim que o encontrei.
Como responsável no ano 2014 na cidade de Cuité (PB), pela equipe de profissionais de saúde do Ministério da Saúde, pude atender e tratar nas visitas domiciliares muitos idosos que estavam bem e repentinamente pioravam.
Dor de cabeça em idosos, sem histórico de quedas ou traumas, com níveis de pressão arterial e glicemia normais, com o uso de medicamentos regulares e que começam a ficar sonolentos, quietos, sem disposição para levantar, alimentar-se ou fazer higiene, com queixa de cefaleia: caso esteja ocorrendo uma situação semelhante a essa, é importante cogitar um possível derrame cerebral chamado hematoma subdural. Muitas vezes são crônicos, e família às vezes demora um, dois ou mais meses para levar ao médico.
Após a realização de uma tomografia computadorizada de crânio, confirmamos o diagnóstico do idoso em questão e, em seguida, feito o preparo para a cirurgia, para retirar aquele coágulo de sua cabeça. No dia seguinte à cirurgia, lá estava ele novamente bem, contente e cantando.
O acompanhamento familiar contínuo faz diferença. Permite saber que algo não está bem e que precisa fazer alguma coisa. A ação da família foi muito importante para que diagnóstico e tratamento pudessem ser realizados rapidamente.
Deve-se estar atento ao comportamento do idoso, seu humor e atitudes. Quando oscilarem fora do padrão, não descarte como “algo da idade”. Procure um médico. O acompanhamento médico contínuo, com diversos especialistas, é mais importante ainda na terceira idade.
A prevenção e cuidado da família são as melhore formas de manter o idoso saudável.
