Dramaturgo, escritor e roteirista tem no currículo 20 peças de teatro, uma série e um livro; em 16 anos já assinou mais de 40 projetos entre dramas, comédias, solos e musicais

VARIEDADES - DA REDAÇÃO

Data 25/04/2021
Horário 06:58
Foto: Thaís Boneville
Dan Rosseto trabalhou com grandes artistas, em praticamente duas décadas, como diretor e encenador
Dan Rosseto trabalhou com grandes artistas, em praticamente duas décadas, como diretor e encenador

Dan Rosseto, 41, nasceu em Dracena, filho de pai bancário e mãe dona do lar, cresceu numa família com dois irmãos mais velhos. Mudou-se para Presidente Prudente e logo em seguida a família fixou residência em Pirapozinho. 
“A primeira lembrança que tenho da arte, foi a minha mãe transformando o próprio vestido de noiva em figurinos de uma peça sobre o nascimento de Jesus”.  Encenada no porão de sua casa em Dracena, reunia familiares e amigosnos papéis distribuídos e ensaiados por sua mãe. “Meu papel era entregar um ramo de flores na manjedoura.” 
Em 1996 Dan viu um anúncio no Jornal “O Imparcial” sobre um curso de Teatro no Klarin Centro de Artes Integradas e resolveu se matricular. Um dos professores era o Edmilson Molina. Ao chegar no endereço, Avenida Celestino Figueiredo, descobriu que o local era uma casa onde morou na infância. “Fiz aulas onde era o meu quarto, foi catártico. Toda vez que vou a Prudente passo na frente”. 
A identificação com aquele universo foi imediata o que fez ele procurar outros cursos. O Conservatório Musical Maestro Julião oferecia aulas de teatro para os bailarinos em formação. Matriculou-se e passou a frequentar o curso do professor e produtor cultural Emerson Mostacco. “Ali tive uma base teórica incrível. Os bailarinos faziam aulas de teatro e os atores podiam fazer uma aula de dança contemporânea”. 
No ano seguinte, entrou para a Faculdade de Comunicação Social e também para a Cia. de Teatro da Unoeste, dirigida por Fabio Nougueira. Foram 5 anos ao lado do teatrólogo que resultaram em 5 montagens: “Madame Blavtasky”, “Olinda, Olinda”, “Bailei na Curva”, “Ponto de Partida” e “Mão na Luva”. “O Fabio é um mestre para mim. Alguém que teve papel fundamental na minha decisão em ser um profissional. Eu coloco o nome dele nas minhas orações todas as noites. Se ele não tivesse me aceitado para trabalhar ao lado dele, não sei como seria a minha vida”. 

“COLOCO O NOME
DE FABIO NOGUEIRA
EM MINHAS ORAÇÕES
TODAS AS NOITES”

Em 2001, graduado em Publicidade e Propaganda, muda-se para São Paulo e se matricula no Studio Fátima Toledo, escola da preparadora de atores conhecida por sua atuação em filmes como “Cidade de Deus” e “Carandiru” entre outros. Fez 3 anos do curso de formação para Cinema e hoje é um dos professores da escola. “Ensinar num local onde aprendi é um retorno de gratidão além de uma nova possiblidade de aprendizado”. 
Em 2005, matricula-se numa Pós-Graduação na Fundação Cásper Líbero. Lá ele se especializou em Crítica de Arte, Semiótica e Teoria da Comunicação. No ano seguinte, começa a dirigir peças de teatro e já emenda duas viagens para o exterior para participar de festivais no México e Chile. “Eu comecei a dirigir teatro e as portas foram se abrindo sem que eu tivesse chance de recusa. Era um projeto melhor que o outro. Hoje, 16 anos após a minha primeira direção, eu já assinei mais de 40 projetos entre dramas, comédias, musicais e solos”. 
Ao longo dessas quase duas décadas como diretor e encenador, Dan lista alguns dos artistas com quem trabalhou: Vicentini Gomez, Kiko Pissolato, Caco Ciocler, Teca Pereira, Paloma Bernardi, Gustavo Haddad, André Garolli, Iara Jamra, Nicole Cordery, Eduardo Martini, Suzy Rêgo, Felipe Hintze, Otávio Martins, Carolina Stofella, Marjorie Gerardi, Dudu Pelizzari, entre tantos outros. 
“Tive a honra de dirigir (e aprender) com todos estes nomes. Imagina a minha alegria, aquele garoto que começou fazer teatro na própria casa – quando criança incentivado pela mãe e de novo quando se matriculou numa escola que ocupava o imóvel onde tinha morado – isso jamais me passava pela cabeça”. 
O lado ator não ficou adormecido, sempre que pode exercita essa ferramenta que foi construída a base de muitas pesquisas. Já esteve em diversos espetáculos e sua última aparição nos palcos foi em 2015/17, quando protagonizou a peça “Roleta Russa”, adaptada do livro “Suicidas” de Raphel Montes, autor da série “Bom dia, Verônica”. Na peça, vivia o jovem Alessandro que se trancava num porão com oito amigos para a prática da roleta russa. “Eram apenas vinte e quatro apresentações, que viraram oitenta! Foram cinco temporadas divididas entre São Paulo e Rio de Janeiro. Foi uma loucura, a gente tinha fãs que acompanhavam nossas viagens”. 
Recentemente recebeu convite para atuar num longa metragem e numa peça de teatro, mas devido a pandemia as produções aguardam um sinal verde para voltar aos trabalhos. “Atuar é experimentar sensações. Como um curioso que sou sobre o ser humano, eu aprendo transitando entre todas essas figuras”.  
Como professor é comprometido com a arte educação desde 2006. Já passou por agências e escolas de formação profissional na cidade de São Paulo. Tem sua própria produtora a Applauzo Produções onde ministra cursos e montagens. Lá, desenvolve uma técnica para atores com base na experimentação das sensações através das vivências de cada projeto. “A técnica consiste em SER! Você só constrói se tiver coragem de ser e olhar para a sombra do personagem”. 

“O TEATRO SEMPRE
FOI O MEU PORTO
SEGURO “

Desde 2019 é contratado para dirigir montagens na Escola de Atores Wolf Maya. “Temos uma infraestrutura incrívele professores de altíssimo nível. Eu tenho o palco de um teatro de 200 lugares para criar com os alunos. É um luxo! Lembra a minha passagem pela Cia. de Teatro da Unoeste,quando tínhamos o palco do César Cava como residência artística”. 
Dramaturgo, escritor e roteirista; tem uma lista que se divide em: 20 peças de teatro, 01 série e 01 livro. “O teatro sempre foi meu porto seguro, o lugar onde eu experimento sem freios.” O lançamento do livro aconteceu em maio na Casa das Rosas, na Avenida Paulista em São Paulo e reuniu a classe artísticas para a noite de autógrafos. 
Foi pelo teatro que ele recebeu o convite para ser um dos roteiristas de uma série para o canal de streaming Globoplay. “O criador e diretor da série foi assistir uma peça que eu havia escrito e dirigido e gostou. Um tempo depois, ele viu outro trabalho meu. Quando foi reunir os autores para a sala de roteiro da série ele me convidou. Levei um susto, mas aceitei sem pensar.” Sem dar detalhes sobre o tema da série (por questões contratuais) ele comentou que é uma obra biográfica e que vai emocionar o Brasil. 
“A arte precisa ser híbrida e o artista tem que se moldar a ela. Não dá para mirar em uma única coisa e ficar esperando a sorte bater à porta. É preciso se reinventar todos os dias e não ter medo dos desafios”.
Em 2018 foi homenageado e recebeu o troféu Nelson Rodrigues como personalidade das artes. “Sempre que lembro da minha história, me dá um orgulho imenso de ter persistido e fincado o pé num sonho que sempre foi uma busca pessoal e também profissional”.

 

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