E o que você viu?

OPINIÃO - Roberto Bertoncini

Data 05/01/2024
Horário 05:00

O que nós fizemos ou faremos ou sonhamos ou... São as perguntas sem respostas no final do ano, ou talvez com respostas esperançosas.
Mas pelo começo é sempre mais fácil começar. Antes de falar, escutamos, antes de apontar o dedo querendo, olhamos. O gesto é precedido pelo olhar. O olhar nos porta ao entendimento, o parar e observar nos dá a segurança do próximo passo.
Simone, continua cantando o que você fez...
Quantas canções nos falam de planos e desejos, realizações e fracassos, esta não foi a primeira e tampouco será a última que discute o grande tema da arte: nós mesmos. Não existe algo além, nosso tempo presente é o grande material de aprendizado e reflexão.
E sobre a arte? De onde vêm as ideias?  Em que espaço inacessível que ela se esconde, mostrando-se a poucos, quase raros e escolhidos. Onde está seu mistério?
E como este seu mistério exige a realização?
Caso contrário tem um monte de gente que pensa em artista, porém a força para tanto não vem. O famoso e desejado talento passeia por onde?
As construções em que a arquitetura nos apresenta a eternidade, esculturas que passeiam pela história e continuam sublimes, músicas que não cansamos de escutar. Seguramente alguém as fez, alguém pensou nelas e teve a força para realizar.
E o que você viu?
Penso que aí está a resposta ao mundo, essa resposta que faz as obras acontecerem. Que faz as paredes lisas e retas se articularem em construções, que tintas respiram o caos e a sua resolução, sons desordenados viram as mais belas melodias. 
Para acontecer só bebendo toda a nossa realidade, seja passeando pelo nosso quarteirão ou dando a volta ao mundo. Ter o mundo, seja ele e qual tamanho que tiver, como nossa fonte. 
Essa nossa fonte interna se alimenta do mundo, cabe a nós querer ir além, muito além do esperado. Usar o mundo como provedor de nossos sonhos.
Nesta fonte bebemos o que se chama na educação de “repertório” e “referência”, que é o que encontramos em nosso caminho, que são as pedras com as quais construiremos o próximo passo da realidade, realidade sim, com gosto de sonho, mas palpável e palatável.
 

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