E vem aí mais uma Copa! 

Roberto Mancuzo

COLUNA - Roberto Mancuzo

Data 08/11/2022
Horário 07:00

Só vou escrever esta crônica se você prometer não fazer conta de idade! 
Mentira, vai. Eu sou de 1975 e hoje com 47 anos sigo para viver 12 Copas do Mundo.
Onze, na verdade, porque a de 1978 eu nem conto. Não faço ideia do que aconteceu. Mas de 1982 para frente, sim. Ainda que com 7 aninhos de idade eu estava presente e comecei a viver as alegrias, mas também as angústias dos bons torcedores de futebol. 
As Copas de 82 e 86 foram para mim a lembrança mais evidente de uma infância que curtiu cada momento da maior competição esportiva do planeta. Para muitos pesquisadores e especialistas em futebol, foram as duas maiores seleções após a Era Pelé. Eu me lembro de Sócrates, do Zico, Júnior, Cerezo e, também, do Éder, ponta-esquerda. Naquela época tinha ponta-esquerda e ponta-direita.
Nestas duas Copas, jogamos como nunca, perdemos como sempre. Lembro de acender velas lá fora de casa, com a bandeira do Brasil ao lado. Eu, meu irmão, a Lilian e a irmã dela, a Vivian. Os pais lá dentro assistindo jogo e nós lá fora rezando e quase colocando fogo na casa.
O choro de 86... Que dor eu senti e com 11 anos de idade eu nem sabia de onde vinha tanto sofrimento...
As competições de 86 e 90 também foram para mim as copas das partidas de futebol de várzea. Nos dias de Copa a gente se reunia em qualquer campinho de terra ou nos campos maiores para jogar e tentar reproduzir ali o que era magia do futebol. A gente sonhava mesmo.
Em 94 eu fui tetra e em 98 me decepcionei, já como jornalista esportivo, cobrindo a Copa para o Jornal da Cidade de Bauru. Lembro de desenvolver uma capa para o jornal com a taça no meio e os capitães, Dunga (Brasil) e Blanc (França), um de cada lado. A manchete dizia: Quem leva? Eles levaram, com Zidane dando show e Ronaldinho convulsionando antes da final. 
Em 2002 fui penta com muito sono durante os jogos de madrugada no Japão e na Coreia e em 2006, sei lá... Esta foi a Copa mais tosca que vi. 
Em 2010, a festa africana foi bonita, mas caímos sem Neymar e Ganso terem sido chamados e com Felipe Mello acabando com nossas esperanças em uma expulsão de 5ª série contra a Holanda. 
Para não dizer que foi um vexame maior, a Copa de 2014 no Brasil chegou e com ela o 7 a 1 tomados da Alemanha. E enquanto escrevo aqui, mais um gol dos alemães. E fomos goleados até chegar à campanha marromeno da Rússia, em 2018. 
Fato é que estávamos nós distraídos com nossas vidas, demandas sociais, amorosa e políticas, e de repente pá!: A Copa do Mundo do Qatar está aí. 
Ontem, Tite convocou nosso time. Deixou Gabigol de fora! Já começou o sofrimento...
Um dos maiores poetas da nossa era, Carlos Drummond de Andrade, certa vez disse no texto “Sermão da Planície”, publicado no Jornal do Brasil, em 18 de junho de 1974, que: “Bem-aventurados [são] os que não entendem nem aspiram a entender de futebol, pois deles é o reino da tranquilidade.”
Certíssimo ele. Espere por mais 12 dias e verá. 
 

Publicidade

Veja também