Havia um tempo em que as tardes do Dr. Flávio Stabile, advogado, cuja especialidade é de Direito de família e bancária, tem um olhar ávido, coração vasto que eram preenchidas pelo burburinho doce de sua casa em solo brasileiro. No centro desse universo, uma menina de olhos curiosos e vontade férrea, Carolina, tecia os primeiros fios de um destino que nem mesmo seu pai poderia prever. Desde muito pequena, com uma teimosia encantadora e uma clareza incomum para sua idade, Carolina pedia, quase implorava, para mergulhar nas aulas da Cultura Inglesa. Não era um capricho infantil, mas um chamado silencioso, um eco distante de um futuro que já se desenhava em seu íntimo.
Flávio observava, com a ternura de quem vê uma flor desabrochar em ritmo próprio, aquela paixão precoce pelo idioma de Shakespeare. Mal sabia ele que aquele inglês polido, com sotaque britânico impecável, seria a chave para um capítulo que se abriria em um país distante, sob céus acinzentados de Manchester. Quem diria que a menina Carolina, um dia percorreria as ruas históricas de uma cidade industrial inglesa. Casada com Guilherme, de origem portuguesa, um genro de ouro, ambos em busca de desafios tão grandiosos quanto seus sonhos? A vida, com sua ironia e sua beleza indomável, tecia esses enredos invisíveis, conectando pontos que só se revelam em retrospectiva.
E então, em 2019, como se o universo conspirasse para ampliar a melodia dessa existência, um novo verso se adicionou à canção da família Stabile. Isabela nasceu. Um presente de Deus, como Flávio carinhosamente descreve, um pequeno farol a iluminar ainda mais os caminhos já traçados. Isabela, com a inocência dos recém-chegados, veio ao mundo como a continuidade daquele fio invisível do destino. Ela é a poesia que se renova, a promessa de novas descobertas, a prova viva de que a vida se expande, se reinventa e se perpetua através das gerações.
Hoje, quando o Dr. Flávio pensa em suas meninas – Carolina, a desbravadora que encontrou seu lar em terras estrangeiras, e Isabela, a neta que é a extensão de seu amor –, ele compreende a beleza da imprevisibilidade. A vida não é uma reta, mas uma tapeçaria complexa, onde cada escolha, cada desejo, cada aprendizado, por menor que seja, contribui para o desenho final. A história de Carolina e Isabela é um testemunho da força dos sonhos, da adaptabilidade do espírito humano e, acima de tudo, do amor que transcende oceanos e fusos horários. É a prova de que, às vezes, o futuro não se prevê, ele se sente. E, para Flávio, essa é a mais bela das filosofias.